NOVO TESTAMENTO

 

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Novo Testamento (do grego: Διαθήκη Καινὴ, Kaine Diatheke) é o nome dado à coleção de livros que compõe a segunda parte da Bíblia cristã. A primeira parte é denominada Antigo Testamento. Seu conteúdo foi escrito após a morte de Jesus Cristo e é dirigido explicitamente aos cristãos, embora dentro da religião cristã tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são considerados, em conjunto, Escrituras Sagradas.[1]

Os livros que compõe essa segunda parte da Bíblia foram escritos a medida que o cristianismo era difundido no mundo antigo, refletindo e servindo como fonte para a teologia cristã. Essa coleção de 27 livros influenciou não apenas a religião, a política e a filosofia, mas também deixou sua marca permanente na literatura, na arte e na música.[2]

O Novo Testamento é constituído por uma coletânea de trabalhos escritos em momentos diferentes e por vários autores. Em praticamente todas as tradições cristãs da atualidade, o Novo Testamento é composto de 27 livros. Os textos originais foram escritos por seus respectivos autores a partir do ano 42 dC[3], em grego koiné[4], a língua franca da parte oriental do Império Romano, onde também foram compostos. A maioria dos livros que compõe o Novo Testamento parece ter sido escrito por volta da segunda metade do século I.[5]

Fazem parte dessa coleção de textos as 13 cartas do apóstolo Paulo (maior parte da obra, escritas provavelmente entre os anos 50 e 68 dC[6]), os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João (narrativas da vida, ensino e morte de Jesus Cristo, conhecidos como os Quatro Evangelhos), Atos dos Apóstolos (narrativa do ministério dos Apóstolos e da história da Igreja primitiva) além de algumas epístolas católicas menores escrito por vários autores e que tem com conteúdo instruções, resoluções de conflito e outras orientações para a igreja cristã primitiva. Por fim, o Apocalipse do apóstolo João.

Nem todos esses livros foram aceitos imediatamente pela Igreja. Alguma dessas cartas foram contestadas na antiguidade (antilegomena), como Apocalipse de João e algumas Epístolas Católicas menores (II Pedro, Judas, Tiago, II e III João).[7] Entretanto, gradualmente eles se juntaram a coleção já existente que era aceita pelos Cristãos, formando o cânone do Novo Testamento. Outros livros, como o Pastor de Hermas, a epístola de Policarpo, as de Inácio e as de Clemente (I e II Clemente), circularam na coleção antiga de livros que era aceita por algumas comunidades cristãs. Porém, esses livros foram excluídos do Novo Testamento pela Igreja primitiva.[8]

Curiosamente, apesar do Cânone do Antigo Testamento não ser aceito uniformemente dentro do cristianismo (católicos, protestantes , ortodoxos gregos, eslavos e armênios divergentes quanto aos livros incluídos no Antigo Testamento), os 27 que formam o Cânon do Novo Testamento foram aceitos quase que universalmente dentro do cristianismo, pelo menos desde o século III. As exceções são o Novo Testamento da Igreja Ortodoxa da Etiópia, por exemplo, que considera autêntico o Pastor de Hermas (séc. II) e a Peshitta, Bíblia da Igreja Ortodoxa Síria, utilizada por muitas Igrejas da Síria, que não inclui o Apocalipse de João na lista de livros inspirados.[9]

  Livros do Novo Testamento

Os 27 livros do Novo Testamento foram escritos em diversos lugares e por autores diferentes que classificaram seus Escritos como inspirados, ao lado dos Escritos do Antigo Testamento. Entretanto,ao contrário do Antigo Testamento, o Novo foi produzido em um curto espaço de tempo, durante menos de um século.[10] Esses livros eram respeitados, colecionados e circulavam na igreja primitiva como Escrituras Sagradas. O fato desses livros terem sido lidos, citados, colecionados, e passados de mão em mão dentro das igreja do início do cristianismo, assegura que a Igreja Primitiva tinham eles como proféticos ou divinamente inspirados desde o começo.[11]. A divisão do Novo Testamento em seções e versículos é atribuída a Amônio de Alexandria[12], do século III, e à Eutálio de Alexandria[13] , no século V d.C., que continuou o trabalho de Amônio.

  Evangelhos

A palavra Evangelho significa "Boas Novas". Eles referem-se ao nascimento do Messias prometido. Cada um dos quatro evangelhos do Novo Testamento narra a história da vida e da morte de Jesus de Nazaré. Esses evangelhos são composições anônimas que levam o nome dos seus autores no título.[14] Assim, no século II esses livros eram denominados na seguinte fórmula: "O Evangelho de..." ou "O Evangelho segundo..." (Em grego: τὸ εὐαγγέλιον κατὰ ...) + nome do evangelista que foi o autor do evangelho. Todos os quatro evangelhos foram reunidos logo após o Evangelho de João ter sido escrito.[15] A coleção de quatro livros era conhecida como "O Evangelho" no começo do segundo século. Assim, o cristianismo primitivo sempre aceitou esses evangelhos porque conheciam seus autores.[16] Os evangelhos de Mateus, Marcos e João parecem ter sido escritos como biografias, seguindo o modelo da antiguidade, enquanto Lucas e Atos parece ter sido composto como uma monografia histórica em dois volumes.[17] São eles:

  • Evangelho de Mateus - atribuído ao apóstolo Mateus. Este evangelho começa com a genealogia de Jesus e a história do seu nascimento. Termina com o comissionamento dos discípulos por Jesus depois de ressuscitado. O principal objetivo do evangelho de Mateus é mostrar para os judeus que Jesus era o Messias. Apesar dos vários debates sobre sua datação, ele provavelmente foi escrito depois da morte de Jesus (31dc) entre os anos 50-65dc.[18] Era considerado o manifesto da igreja de Jerusalém e, por conseguinte, o documento fundamental do início da fé cristã;[19]
  • Evangelho de Marcos - atribuído a Marcos, o Evangelista. Marcos não era um dos doze apóstolos de Jesus, mas foi um dos ajudantes de Paulo e depois de Pedro.[20] Segundo os pais da igreja, o evangelho de Marcos foi escrito com base no ensino do apóstolo Pedro, depois de uma palestra feita em Roma para os pagãos por volta do ano 65 dc.[21]<[22][23] Este evangelho começa com a pregação de João Batista e o batismo de Jesus. Alguns manuscritos antigos não trazem os versículos 9-20 do último capítulo;[24] outros manuscritos apresentam finais diferentes.[25]
  • Evangelho de Lucas - atribuído a Lucas, que também não foi um dos doze apóstolos, mas é mencionado no Novo Testamento como companheiro do apóstolo Paulo (II Timóteo 4:11) e médico (Colossenses 4:14).[26] O autor não foi testemunha ocular das coisas que registrou, mas fez uma minuciosa investigação com essas pessoas que presenciaram os fatos contidos nesse evangelho (Lucas 1:1-4). Ele é dirigido para alguém chamado Teófilo, que até hoje é desconhecido. Este evangelho começa com histórias paralelas do nascimento e da infância de João Batista e Jesus e termina com as aparições de Jesus ressuscitado e sua ascensão ao céu. Seu objetivos era contar a história de Cristo a partir dessas testemunhas oculares. Foi escrito provavelmente no ano 63dc;[27]
  • Evangelho de João - atribuído ao apóstolo João, filho de Zebedeu. Este evangelho começa com um prólogo filosófico e termina com as aparições de Jesus ressuscitado. Foi escrito no final do século I[28] e tinha como objetivo complementar de diversas maneiras o registro que tinha sido fornecido sobre a história de Jesus pelos outros três evangelistas.[29]

Os três primeiros evangelhos listados acima são classificados como os Evangelhos sinópticos. Isso porque eles contêm relatos semelhantes da vida e ensino de Jesus. Esses três evangelhos possuem várias dependências literárias. Há duas possíveis explicações para sua formação. Alguma corrente de estudiosos mais liberais afirmam que eles foram escritos com base em uma fonte “Q” (Queller em alemão), que é desconhecida até os dias de hoje; Ou então com base no Evangelho segundo os Hebreus (65-100), que sobreviveu apenas em fragmentos encontrados nas citações feitas por vários pais da igreja primitiva. A segunda explicação para a dependência literária dos evangelhos sinóticos afirma que o evangelho de Mateus foi escrito primeiro. Depois, Lucas utilizou o evangelho de Mateus e o evangelho segundo os Hebreus, além de outros evangelhos que circulavam na época e que não sobreviveram até os dias de hoje. Por fim, o evangelho de Marcos seria fruto de uma palestra que Pedro deu com base nos evangelhos de Mateus e de Lucas.

Já o Evangelho de João é estruturado de forma diferente dos evangelhos sinóticos e inclui histórias de vários milagres e palavras de Jesus que não são encontradas nos outros três evangelhos. Esses quatro evangelhos foram unanimemente aceitos como parte do Cânon Sagrado do Novo Testamento. Porém, eles foram apenas alguns entre os muitos outros evangelhos cristãos. A existência de tais textos é mencionada no início do Evangelho de Lucas (Lc 1:1-4). Outros evangelhos, como os chamados "evangelhos judaico-cristão" ou o Evangelho de Tomé, oferecem uma precisa ajuda para entender o contexto do cristianismo primitivo. Além disso, esses outros evangelhos que não foram incluídos no Cânon sagrado podem fornecer alguma ajuda na reconstrução do Jesus histórico.

  História

  • Atos dos Apóstolos - É a continuação do Evangelho de Lucas (At 1.1 e 2) e conta a história de como a mensagem cristã foi anunciada em Jerusalém, Samaria e as demais regiões do Império Romano (At 1.8). Nesse livro, destacam-se duas pessoas: Paulo e Pedro. Pedro dirige o trabalho cristão em Jerusalém, Samaria (At 1.12 – 8.25), Lida, Jope e Cesaréia Palestina (At 9.32-11.18). Esse livro também trata da conversão do apóstolo Paulo (At 9) e de suas viagens missionárias pelo Império Romano (At 13-28). Examinando o estilo, a fraseologia e outras evidências internas, a maioria dos estudiosos atribui a Lucas a autoria desse evangelho. Ele foi escrito provavelmente antes da morte do apostolo Paulo por Nero, por volta de 67-68 dc. Isso porque esse livro não cita a morte de Paulo, fato que seria muito relevante para a história cristã antiga.

  Epístolas Paulinas

As epístolas paulinas (ou Corpus Paulinum) são cartas escritas pelo apóstolo Paulo. Essas epístolas tratam de pontos teológicos importantes para o desenvolvimento da doutrina cristã no cristianismo primitivo. Geralmente, essas epístolas foram escritas tanto para indivíduos, quanto para as primeiras comunidades cristãs.

 Hebreus

  • Hebreus - Sua autoria é incerta. A ciência moderna rejeita ter sido escrita por Paulo. Até mesmo na antiguidade sua autoria foi debatida. Orígenes escreveu:
Os homens dos tempos antigos afirmaram que Paulo foi o autor, mas quem escreveu essa Epístola apenas Deus sabe.

O que se sabe é que ela foi escrita na segunda geração de cristãos (Hb 2.1-4) e após um intervalo considerável de tempo depois da conversão do destinatário (Hb 5.12). Assim, o livro de Hebreus parece ter sido escrito no final do ano 60dC.

  Epístolas Católicas

Compreende as epístolas escritas para a igreja em geral. O termo "católico" [grego: καθολική, katholike, que significa "universal"] é usado para descrever essas cartas já nos manuscritos mais antigos onde essas cartas estão presentes. As cartas também são conhecidas como Epístolas Gerais.

 Profecia

  • Apocalipse - Último livro do Novo Testamento, o Apocalipse de João foi escrito pelo Apóstolo João, filho de Zebedeu. Alguns sustentam a posição de que seu autor foi outro João, da cidade de Patmos. Mas a evidência interna aponta o autor do Evangelho de João e das três epístolas Joaninas como seu autor. O livro começa com cartas para sete igrejas das província da Ásia. Depois toma a forma de um apocalipse, gênero literário popular tanto no judaísmo quanto no cristianismo antigo.

  Ordem dos livros

A ordem em que os livros do Novo Testamento estão ordenados difere entre algumas tradições eclesiásticas. A Bíblia protestante, por exemplo, segue o ordem da organização encontrada na Bíblia da Igreja Católica Romana. Entretanto, a ordem do Cânon de Lutero é diferente. Fora da Europa Ocidental, onde se encontra a maioria católica e protestante, a Bíblia está organizada em ordens diferentes: o Novo Testamento da Bíblia eslava, siríaca e etíope não seguem a mesma ordem que das Bíblias ocidentais.

  Extensão do Novo Testamento

Os livros que entraram no Cânon Sagrado do Novo Testamento não foram às únicas obras da literatura cristã escrito nos primeiros séculos de nossa era. O processo de canonização dos livros dessa parte das Escrituras começou cedo, com textos sendo explicitamente rejeitados já no tempo dos discípulos. Essa decisão não eram necessariamente baseada em avaliações da ideias religiosas ou da teologia da obra em questão, e sim em uma série de fatores (ver: Cânon do Novo Testamento).

  Pseudepígrafos

Os livros que foram rejeitados pela igreja primitiva são chamados de Pseudepígrafos. Eram livros considerados espúrios e heréticos pela igreja cristã dos século II e III, época em que surgiram esses textos. Nenhum pai da igreja, Cânon, ou Concílio declarou que qualquer um dos pseudepígrafos seria canônico. Eusébio, assim com a maioria dos pais da igreja, chamou esses livros de "totalmente absurdo e ímpios".

Os livro pseudepígrafos foram escritos por comunidades gnósticas, docéticas e ascéticas. Os gnósticos eram uma seita filosófica que ensinava que a matéria é má, além de negarem a encarnação de Cristo. Já os docetas ensinavam a divindade de Jesus, mas negavam sua humanidade; diziam que Ele só tinha a aparência de ser humano. Os ascéticos ensinavam que Cristo tinha uma única natureza, que era um fusão entre o divino e o humano.

Esses livros contém certa curiosidade sobre os fatos não relatados nos livros canônicos, como a infância de Jesus, por exemplo. Segundo Norman Geisler, existem cerca de 280 obras dessa natureza. Para os cristãos, o único valor que esses livros têm são históricos, pois revelam a crença e o contexto de seus autores.

  Apócrifos

Os livros apócrifos do Novo Testamento diferencia-se dos pseudepígrafos por gozarem de grande estima por pelo menos um dos pais da igreja. Entretanto, os apócrifos, na maior parte, não foram aceitos pela igreja cristã primitiva nem pelos pais primitivos e ortodoxos da igreja. Por isso, não foram considerados canônicos.

Alexander Souter define bem a autoridade que desses livros ao afirmar que eles tiveram uma "canonicidade temporal e local". Ou seja, os apócrifos haviam sido aceitos por um número limitado de cristãos, durante um tempo limitado, sem contudo ter recebido um reconhecimento amplo ou permanente. Norman Geisler fornece três razões do por quê esses livros são importantes e faziam parte das bibliotecas devocionais e homiléticas da igreja primitiva:

  • Revelam os ensinos da Igreja do século II;
  • Fornecem documentação da aceitação dos 27 livros do NT;
  • Fornece informações históricas a respeito da igreja primitiva.

  Idioma

Judeus e gentios utilizavam os mesmos idiomas para se comunicarem em Jerusalém na época de Jesus: aramaico, grego koiné, e até certo ponto, um dialeto coloquial de Mishnaic hebraico. Todos os livros que formaram o Novo Testamento foram escritos em grego Koiné, o dialeto vernáculo que na época era falado nas províncias romanas do Mediterrâneo Oriental. Estes livros foram posteriormente traduzidas para outros idiomas, principalmente, o latim, o sírio e o copta. Entretanto, alguns alegam que o Evangelho de Mateus foi escrito em hebraico com base na seguinte declaração de Papias, citada no livro História Eclesiástica, de Eusébio:

Mateus compôs as declarações (ta logia) em um estilo hebraico (hebraidi dialekto), e cada um registrou como foi capaz.[30]

Alguns interpretam que essa declaração mostra que o evangelho de Mateus foi escrito em hebraico. Entretanto, uma leitura cuidadosa demonstra que Papias afirma que o evangelho foi escrito "em um estilo hebraico", e não "na língua hebraica". Estudiosos como J. Kurzinger e David Alan Brack apoiam essa interpretação. O Comentário Bíblico Moody também defende esse posicionamento ao afirmar que:

Muitos explicaram a declaração de Papias, dizendo que se referia a uma forma original do aramaico do qual se traduziu o nosso evangelho grego. Mas o nosso texto grego não tem as marcas de uma tradução, e a ausência de qualquer traço de um original aramaico lança pesadas duvidas sobre tal hipótese. Goodspeed argumenta detalhadamente que seria contrario à prática grega dar uma tradução grega o nome do autor do original aramaico, pois os gregos apenas se preocupavam com aquele que passava a obra para o grego. Como exemplos (ele cita o evangelho de Pedro) e o Velho Testamento grego, que foi denominado Septuaginta (os setenta)segundo seus tradutores, não segundo seus autores Hebreus.[31]

Por isso, os estudos modernos mostram que o Evangelho de Mateus foi composta em grego e não é diretamente dependente de nenhuma tradução em uma língua semítica, embora a citação de textos do Antigo Testamento demonstra que o autor desse Evangelho sabia hebraico. Outros ainda afirmam que a Epístola aos Hebreus foi escrita em Hebraico, sendo traduzida depois para o grego por Lucas. Essa possibilidade também não é sustentada pelos estudiosos modernos, que argumentam que a qualidade literária de Hebreus sugere que foi composta diretamente em Grego, ao invés de ter sido traduzidos.

Outra questão importante também é notar que muitos livros do Novo Testamento, especialmente os evangelhos de Marcos e João, foram escritos em um grego relativamente "pobre". Eles estão distantes do refinado grego clássico encontrado nas composições feitas pela classe alta, elite governamental, e filósofos conceituados da época.

Uma minoria de estudiosos considera que a versão aramaica do Novo Testamento seria a original e acredita que o grego é apenas uma tradução. Este ponto de vista é conhecido como Primazia Aramaica.

  Etimologia do termo Novo Testamento

O uso do termo Novo Testamento para descrever a coleção de textos que fazem parte da Bíblia, originou-se do latim Novum Testamentum, que foi pela primeira vez cunhado por Tertuliano. Alguns acreditam que esse termo é uma tradução do grego Διαθήκη Καινή.

Na opinião de alguns especialistas, esse termo grego era usado com o significado de "último desejo ou testamento", conforme a tradução latina indica. O significado do termo aponta para um arranjo feito por um grupo que pode ser aceito ou rejeitado por outro grupo, embora esse não o possa alterar; e ele, quando aceito, une esses dois grupos de acordo com os termos ali contidos.

Esta frase grega encontra-se no próprio texto do Novo Testamento, onde é traduzido como "nova aliança". Aliança significa acordo ou contrato que envolve as duas partes que firmam algo. A frase também aparece mais cedo na Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento). Em Jeremias 31:31, a Septuaginta usou essa frase grega para traduzir o original hebraico ברית חדשה (b e chadashah RIT). O termo hebraico é também traduzido geralmente como nova aliança.

Como resultado, algumas pessoas afirmam que o termo foi usado pelos primeiros cristãos para se referir à nova aliança de Deus com o homem por intermédio de Jesus Cristo. Cerca de dois séculos mais tarde, na época de Tertuliano e Lactâncio , a frase era usada para designar uma coleção particular de livros que alguns acreditavam que incorporava esta nova aliança.

Tertuliano oferece o primeiro uso conhecido dos termos Novum Testamentum (Novo Testamento) e Vetus Testamentum (Antigo Testamento). Por exemplo, em Against Marcion, livro 3 e capítulo 14 (escrito no III século, em 208 DC), ele escreveu que "Isso pode ser entendido como o Verbo Divino, que é duplamente ligado com os dois testamentos da Lei e do Evangelho". No livro 4 do capítulo 6, complementou: "Pois é certo que todo o objetivo a que ele (Marcião) tem trabalhado arduamente, mesmo na elaboração de suas Antíteses ... é para que ele possa estabelecer uma diversidade entre o Antigo e o Novo Testamento, de modo que o seu próprio Cristo possa ser separado do Criador, como pertencentes a este deus rival e como estrangeiro da Lei e dos Profetas".

Lactâncio (sec. III e IV) , autor cristão que escreveu em latim a obra Divino Instituto no início de século IV, relata no livro 4 e capítulo 20 o seguinte:

Mas toda a Escritura é dividido em dois Testamentos: o que precedeu o advento e da paixão de Cristo, isto é, a Lei e os Profetas, é chamado de Velho Testamento. Mas as coisas que foram escritas após a Sua ressurreição são nomeadas Novo Testamento. Os judeus fazem uso do Velho Testamento e nós do Novo. Mas os dois não são discordantes porque o Novo é o cumprimento do Velho, e em ambos há o mesmo testador: Cristo, que, depois de ter sofrido a morte por nós, fez-nos herdeiros do Seu reino eterno (...). Como o profeta Jeremias testemunha quando fala coisas como: "Eis que dias vêm, diz o Senhor, que eu vou fazer um novo testamento para a casa de Israel e para a casa de Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito, porque não continuou no meu testamento, e eu a desconsiderei, diz o Senhor" Jeremias 31:31-32] (...). Por Ele ter dito iria fazer um novo testamento para a casa de Judá, o Antigo Testamento, que foi dada por Moisés, não era perfeito. Mas sim o que era para ser dada por Cristo estaria completo.

A tradução da Vulgata do século V utiliza o termo testamentum em II Coríntios 3:6 e 14:

6 Que também nos fez caber ministros do novo testamento, não na letra, mas no espírito. Pois a letra mata, mas o espírito vivifica. (Douay-Rheims)
14 Mas os seus sentidos foram obscurecidos. Pois, até o dia de hoje, o véu escuro da leitura do Antigo Testamento, não foi tirado (pois em Cristo é anulada). (Douay-Rheims)

No entanto, o mais moderna tradução em Português da Bíblia, a Nova Versão Internacional, traduz esses versos do grego koiné da seguinte forma:

6 Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica.
14 Na verdade a mente deles se fechou, pois até hoje o mesmo véu permanece quando é lida a antiga aliança. Não foi retitado, porque é somente em Cristo que ele é removido.

Assim, é comum usar qualquer um desses dois termos em Português para traduzir: ou testamento ou aliança, mesmo que eles não sejam sinônimos.

  Formação do Cânon do Novo Testamento

 
A folha de P46, um das primeiras coleções do século III das epístolas paulinas.

O cânon bíblico é o conjunto de livros que os cristãos consideram como divinamente inspirada, formando assim a Bíblia cristã. Embora a Igreja Primitiva usasse o Antigo Testamento de acordo com o cânon da Septuaginta (LXX), ao escrever os seus textos os apóstolos não pretendiam criar um conjunto definido de novas Escrituras, mesmo eles reconhecendo que seus escritos eram divinamente inspirados; O Novo Testamento foi escrito e reunido ao longo dos anos.

O processo de canonização do Novo Testamento foi complexo e demorado. Caracterizou-se por uma coletânea de livros que a tradição apostólica considerou autoritária no culto e no ensino, além de serem relevantes para as situações históricas em que viviam, e em consonância com o Antigo Testamento. Contrário à crença popular, o cânon do Novo Testamento não foi sumariamente decidida em reuniões do Conselho grande igreja, mas sim desenvolvido ao longo de muitos séculos

Os escritos dos apóstolos circularam entre as primeiras comunidades cristãs. As epístolas de Paulo estavam circulando em forma coletados no final do primeiro século dC. Justino Mártir, no segundo século, menciona as memórias dos apóstolos, que os cristãos chamam de evangelhos e que foram considerados em pé de igualdade com o Antigo Testamento. Um cânone contendo os quatro evangelhos (os Tetramorph) já estava circulando na igreja no tempo de Irineu em 160 dC. No início do século III, Orígenes de Alexandria talvez tenha usado os mesmos 27 livros que compõe o Novo Testamento moderna, mas ainda havia disputas sobre a canonicidade do livro de Hebreus, Tiago, II Pedro, II e III João e Apocalipse. Essas obras que foram questionadas sobre sua autenticidade são chamadas Antilegomena. Em contraste, os escritos que foram aceitos universalmente pela igreja desde meados do século II e que compõe hoje a maior parte do Novo Testamento são denominadas homologoumena. Da mesma forma, o fragmento de Muratori mostra que em 200 dC já existia um conjunto de escritos cristãos semelhante ao Novo Testamento atual.

Em sua carta de Páscoa de 367 dC, Atanásio, bispo de Alexandria, escreveu a primeira lista com os 27 que viriam a formar o Novo Testamento canônico. O Sínodo de Hipona em 393 dC aprovou o Novo Testamento tal como conhecemos hoje, juntamente com os livros da Septuaginta, uma decisão que foi repetido pelo Conselho de Cartago em 397 dC e em 419 dC. Esses conselhos foram liderados por Santo Agostinho, que considerava o cânone como algo já fechado. Da mesma forma, o Papa Dâmaso I comissionou Jerônimo de Strídon a fim de organizar a edição Latina da Vulgata em 383 dC, o que foi algo fundamental para a fixação do cânon do Ocidente. Em 405 dC, o Papa Inocêncio I mandou uma lista dos livros sagrados para Exuperius, um bispo gaulês.

Entretanto, como lembra F F Bruce, os livros do Novo Testamento não se tornaram escritos revestidos de autoridades para a igreja porque foram formalmente incluídos em uma lista canônica; pelo contrário, a igreja incluiu-os no canôn porque já os consederava divinamente inspirados, reconhecendo neles o valor inato, e, em geral, a autoridade apostólica direta ou indireta. Assim, por volta do século IV, existia uma unanimidade no Ocidente sobre o cânon do Novo Testamento; O Oriente, com poucas exceções, havia entrado em harmonia sobre a questão do canôn por volta do século V. A única resistência estava relacionada ao livro do Apocalipse. Não obstante, um articulação dogmática completa do cânon não foi feito até 1546 no Concílio de Trento para o Catolicismo Romano; e em 1563 nos Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra; Em 1647 na Confissão de Fé de Westminster para o calvinismo; E finalmente em 1672 no Sínodo de Jerusalém para ortodoxia grega.

  Autoria

Por ser uma coleção de livros, o Novo Testamento foi escrito por vários autores. A visão tradicional é que esses livros foram escritos ou por apóstolos, como Mateus, João, Pedro e Paulo; ou por discípulos que trabalharam sob a direção desses apóstolos, como Marcos e Lucas. Todos esses escritores dos livros do Novo Testamento eram judeus, com exceção de Lucas. Três deles, Mateus, João e Pedro, faziam parte do grupo dos apóstolos de Jesus. Outros autores do Novo Testamento, como Marcos, Judas e Tiago foram ativos na igreja primitiva. Os três também já tinham contato com o grupo de apóstolos mesmo antes da morte de Jesus. Lucas e Paulo, embora não tenham sido testemunhas oculares da vida de Cristo, eram bem conhecidos daqueles que o foram. Nada se sabe sobre o autor de Hebreus.

  Epístolas Paulinas

Treze das epístolas foram escritas pelo apóstolo Paulo. Alguns estudiosos aceitam apenas sete como autênticas. Entre essas cartas estão incluídas Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Filipenses, I Tessalonicenses e Filémon. Os outros livros do novo testamento, para os estudiosos liberais, foram escritos por pessoas que estavam próximas do apóstolo Paulo.

Entretanto, boa parte dos estudiosos concordam que as 13 epístolas que levam a autoria de Paulo, foram escritas ou ditadas por ele. F F Bruce afirma que "já se foi o tempo em que se ousava negar a autenticidade e a autoria desses documentos".[32] Algumas dessas epístolas paulinas mostram claramente que foram ditadas por Paulo e escritas por um escriba: o livro de Romanos foi escrito por Tércio (Romanos 16:22) e o livro de I Coríntios parece ter sido escrita por Sóstenes (I Corintíos 1:1).

Das treze epístolas que levam o nome de Paulo, três foram escritas no fim de sua prisão em Roma.[33] I e II Timóteo e a carta de Tito são conhecida como epístolas pastorais.[34] As outras dez são conhecidas como epístolas de viagem, porque foram escritas nas viagens missionárias do apóstolo Paulo.

  Hebreus

A Epístola aos Hebreus constitui o maior problema de autoria do Novo Testamento. Na verdade, a questão sobre a autoria de Hebreus é antiga, remontando ao século III.

O escritor eclesiástico Caio não considerava Hebreus como sendo escrita por Paulo.[35] Orígenes afirmava que

se pois alguma igreja considera essa epístola proveniente de Paulo, que seja louvada por isso, pois tão pouco esses homens da antiguidade a transmitiram como tal sem causa; mas só Deus sabe quem realmente escreveu essa epístola”.[36]

Eusébio declarou que Clemente de Alexandria afirmava que essa epístola foi escrita por Paulo em hebraico, e traduzida para o grego por Lucas.[37] Já Tertuliano atribuia a autoria a Barnabé[38]; e Apolo foi uma sugestão de Martinho Lutero.[39]

Entretanto, a única certeza que se tem é que o autor não era discípulo imediato de Cristo (Hebreus 2:3). Era judeu, uma vez que empregava a primeira pessoa do plural para se referir ao seu público judaico. Era amigo de Timóteo e pertencia ao círculo paulino (Hebreus 13:23). Além disso, era muito versado no Antigo Testamento, fazendo uso da versão grega da Septuaginta (LXX).

  Evangelhos

Os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), tem uma inter-relação única. Eles descrevem muitos dos mesmos acontecimentos e atribuem a Jesus palavras semelhantes ou iguais. A visão dominante entre os estudiosos para explicar essa inter-relação é a hipótese das duas fontes. Esta hipótese propõe que Mateus e Lucas estruturaram seus evangelhos de forma significativa sobre o Evangelho de São Marcos; e outra fonte que continha os ditos de Jesus, conhecida como "Q" (derivado de Quelle, palavra alemã para "fonte"). A natureza e até mesmo a existência de uma fonte escrita contendo esse material partilhado por Mateus e Lucas e designada como Q tem sido questionada por alguns estudiosos, alguns dos quais propuseram a hipótese de variantes a fim de nuançar ou mesmo acabar com a fonte Q.

Os estudiosos que reconhecem a existência de Q argumentam que este era um documento único de escrita, enquanto alguns sugerem que o "Q" foi realmente um número de documentos ou tradições orais. Se fosse uma fonte documental, não há informações sobre o seu autor ou autores, e é praticamente impossível obter essa informação a partir dos recursos atualmente disponíveis.

  Data da composição

Embora não se tenha nenhum dos documentos originais, mas tão somente manuscritos dos séculos posteriores, de modo geral acredita-se que os livros do Novo Testamento teriam sido escritos no século I da era comum. As datas exatas de escrita dos livros propostas por pesquisadores possuem variações. Alguns consideram que o Novo Testamento praticamente completo (com exceção de Apocalipse) já estava escrito antes do ano 70, com alguns livros tendo sido escritos apenas alguns anos após os eventos que narram. De outro lado estão pesquisadores que consideram que todos os livros do Novo Testamento foram escritos bem depois dos acontecimentos relativos à morte de Jesus.

Apesar do Evangelho de Mateus figurar como o primeiro livro do Novo Testamento bíblico, é de maneira geral aceito entre pesquisadores que este não foi o primeiro a ser escrito, nem entre os evangelhos e quanto às demais obras. Isto porque o Evangelho mais antigo teria sido o de Marcos, cuja data de escrita costuma ser calculada entre os anos 55 e 65 da era comum e pode ter servido de fonte para Lucas e Mateus ampliarem as informações sobre a vida de Jesus na terra, embora contenha 31 versículos a mais relativos a outros milagres não relatados pelos demais evangelistas.

Todavia, supõe-se que os livros mais antigos teriam sido as epístolas de Tiago e de Paulo aos gálatas, cuja época teria sido, aproximadamente, em torno do ano 49 da era comum, antes do Concílio de Jerusalém.

Já os últimos livros a serem escritos têm a sua autoria atribuída ao apóstolo João e seriam o seu Evangelho, as três epístolas e o Apocalipse. Este, por volta do ano 95 da era comum, em Patmos, no período da perseguição do imperador Domiciano.

Importante observar que o período que pode ter sido o de maior produção dos escritos do Novo Testamento corresponderia à década de 60 do século I, talvez como uma iniciativa de preservar as informações sobre as origens do cristianismo na época das perseguições de Nero, quando a maioria dos apóstolos foram martirizados, entre os quais Pedro e Paulo.

Por outro lado, as epístolas de Paulo foram muito utilizadas pelo apóstolo para fins de comunicação com as comunidades cristãs e com os pregadores durante os tempos de suas viagens missionárias e na época de Nero. Algumas cartas, como a epístola aos gálatas teriam sido bem antes da primeira perseguição aos cristãos do Império Romano. Outras teriam sido após os últimos relatos que constam no livro de Atos.

  Manuscritos do Novo Testamento

 
Fragmento do Papiro P52 ou Rylands Library Papyrus, que contém cinco versículos do Evangelho de João (18.31-33,37,38). Ele é datado entre 117-138dc

Como outras literaturas da antiguidade , o texto do Novo Testamento era (antes do advento da imprensa) preservado e transmitido em manuscritos. De acordo com a última contagem, existem cerca de 5.700 manuscritos gregos do Novo Testamento. Além disso, existem mais de nove mil manuscritos em outras línguas (siríaco, copta, latim, árabe). Alguns desses manuscritos são Bíblia completas, outros são livros ou páginas, e somente alguns são apenas fragmentos.

O Novo Testamento foi escrito em letras de imprensa, conhecidas pelo nome de Unciais (ou maiúsculas). A partir do século VI esse estilo caiu em desuso, sendo gradualmente substituído pelos manuscritos chamados minúsculos. Esses predominaram no período que vai do século IX ao XV.

O Rylands Library Papyrus ou Papiro P52 é geralmente aceito como o mais antigo registro sobrevivente de um livro que viria a ser o Novo Testamento. É datado em algum momento entre 117 dC e 138 dC. A parte frontal desse papiro contém os linhas do Evangelho de João 18:31-33. No verso, estão registrados os versos 37 e 38. Os manuscritos do Novo Testamento são divididos em três categorias: papiros, unciais e minúsculos. O que os diferencia são suas características diferenciadas.

  Papiros

Esses manuscritos datam do século II e III. Eles foram escritos quando o cristianismo ainda era ilegal e as cópias do Novo Testamento eram feitas no material mais barato possível. Atualmente, existem cerca de 26 manuscritos do Novo Testamento em papiro.

Como esses textos surgiram apenas uma geração depois dos autógrafos originais, eles são valiosíssimos para a montagem do texto original através da critica textual do Novo Testamento. O fragmento P52, por exemplo, faz parte dessa categoria.

Outros documentos valiosos são o P45, P46 e o P47, conhecidos como Papiros Chester Beatty (250), consistem de três códices que abrangem a maior parte do Novo Testamento.

P45 – são trinta folhas de um códice de papiro que contém os evangelhos e Atos;

P46 – traz a maior parte das cartas de Paulo, bem como Hebreus, faltando, porém, algumas partes de Romanos, I Tessalonicenses e e todas II Tessalonicenses;

P47 – Contem partes do Apocalispe.

A mais importante descoberta de papiros do Novo Testamento são os Papiros Bodmer (175-225). Eles compreendem o P66, o P72 e oP75.

P66 (200dc) - contém algumas porções do evangelho de João;

P72 (séc. III) – É a mais antiga cópia de Judas e de I e II Pedro que se conhece; contém vários livros, alguns canônicos e outros apócrifos;

P75 (175-225dc) – contém Lucas e João em unciais cuidadosamente impressos, com toda clareza. É a mais antiga cópia de Lucas que se tem noticia.

  Autoridade

Todas as Igrejas Cristãs aceitam o Novo Testamento como parte das Escrituras Sagradas. Entretanto, os vários ramos do cristianismo diferem em sua compreensão da natureza, extensão e relevância da Autoridade do Novo Testamento.

Geralmente, o papel que uma vertente cristão tem do Novo Testamento como Autoridade depende muito do conceito de inspiração, que esta relacionado com o papel de Deus na formação do Cânon Bíblico. Assim, quanto maior o papel de Deus na doutrina da inspiração, mais se aceita a doutrina da inerrância bíblica e/ou da Bíblia como regra de e prática.

As condições para definir esses termos são difíceis, visto que muitas pessoas as usam indiferentemente ou com significados muito diferentes. Aqui, utilizaremos os termos da seguinte forma:

  • Infalibilidade diz respeito à legitimidade absoluta da Bíblia em questões de doutrina.
  • Inerrância diz respeito à legitimidade absoluta da Bíblia em afirmações de fatos científicos e históricos. Em outras palavras, a Bíblia não possui erro de natureza nenhuma.
  • Fonte Ética diz respeito à legitimidade da Bíblia em questões de moral, e prática.

Todos esses conceitos dependem de seu correto significado para pressupor de que o texto da Bíblia foi interpretado de maneira certa. Assim, partindo de um dos pressupostos acima, tem-se um panorama da Hermenêutica do texto que leva em consideração a intenção do autor que escreveu, quer seja literal, histórica, alegórica, simbólica ou poética. A doutrina da inerrância, por exemplo, é entendida de várias formas, de acordo com o peso dado pelo intérprete.

  Catolicismo e Ortodoxia Oriental

Tanto para a Igreja Católica quanto para Igreja Ortodoxa Oriental, existem dois tipos de revelações: a Bíblia e a Tradição. Ambos são interpretados pelos ensinamentos da igreja.

Na terminologia católica, o ofício de ensinar é chamado de Magistério (do latim magistra). Na terminologia Ortodoxa a autêntica interpretação da Escritura e da Tradição é limitada ao Direito Canônico dos concílios ecumênicos. Ambas as fontes de revelação são consideradas necessárias para a boa compreensão dos princípios da fé. A visão da Igreja Católica está claramente expressa em seu Catecismo (1992):

§ 83: Como resultado, a igreja, para quem a transmissão e interpretação de Apocalipse foi confiada, não deriva a sua certeza sobre todas as verdades das Sagradas Escrituras sozinha. Tanto a Escritura quanto a Tradição devem ser aceitas e honradas com igual sentimento de devoção e reverência.

§ 107: Os livros inspirados ensinam a verdade. Desde que tudo o que os autores inspirados afirmam deve ser considerado como afirmado pelo Espírito Santo, temos de reconhecer que os livros da Escritura firmemente, fielmente e sem erro de ensinar a verdade que Deus, por causa da nossa salvação, quis ver confidenciou a Sagrada Escritura.

 Protestantismo

Os protestantes defendem a doutrina do sola scriptura, cujo significado em latim é "somente a Bíblia". Eles acreditam que a regra de fé, prática e a interpretações devem levar em consideração exclusivamente os ensinamentos das Escrituras. A tradição não é fonte de autoridade para o protestantismo.

Como a autoridade das denominações protestantes derivam exclusivamente da Bíblia, suas doutrinas estão sempre abertas a reavaliações. Essa abertura à revisões doutrinárias deu base para as tradições protestantes liberais reavaliarem as doutrinas da Escritura em que a Reforma foi fundada. Os membros dessa tradição chegam a questionar se a Bíblia é infalível em questões doutrinarias, se é inerrante em outras declarações factuais e históricos e se Ela tem autoridade divina única. As adaptações feitas pelos protestantes modernos a sua doutrina das Escritura varia muito de denominação para denominação.

 Protestantes e Evangélicos Fundamentalistas

Alguns evangélicos americanos conservadores acreditam que as Escrituras tem sua origem da união entre o Divino e o humano: humanos em sua composição; e divino em sua fonte que é Deus. Os evangélicos acreditam que o Espírito Santo guiou os escritores da Bíblia de tal forma que eles não escreveram nada contrário à verdade. Os cristãos fundamentalistas também aceitam a autoridade da Bíblia para questões morais, éticas e científicas.

Para os evangélicos fundamentalistas isso se aplica especialmente a questões como ordenação de mulheres, aborto, evolução e homossexualidade. No entanto, embora a maioria dos protestantes se posicionem contra essas questões, um número cada vez maior do protestantismo está cada vez mais dispostos a considerar que as opiniões dos autores bíblicos são culturalmente condicionado. Essa ala do protestantismo argumenta que há espaço para mudanças juntamente com as normas culturais e os avanços científicos.

A maioria dos cristãos fundamentalistas e dos evangélicos professam a crença na inerrância da Bíblia, ou seja, que os autógrafos originais das Escrituras Sagradas não possuem qualquer tipo de erro.

Já os protestantes mais liberais evitam interpretações da Bíblia que contradiz diretamente as afirmações científicas que são geralmente aceites de fato. Eles não imputam erro aos autores bíblicos, mas entendem que as pessoas que escreveram a Bíblia tinham em mente determinadas intenções literárias que poderiam dar credibilidade para o progresso humano no conhecimento do mundo ao mesmo tempo em que aceitavam a inspiração divina das Escrituras.

Para os que acreditam na inerrância da Bíblia, a Declaração de Chicago sobre a Inerrância Bíblica (1978) formalizou as visões evangélicas sobre esta questão. Em resumo, essa declaração afirma que a Bíblia é:

total e verbalmente dada por Deus, sem erro ou falha em tudo o que ensina, quer naquilo que afirma a respeito de Deus que atuou na criação, quer seja sobre os acontecimentos da história mundial e sobre a sua própria origem literária dada pela Inspiração do Espirito Santo, que em seu testemunho nos concedeu a graça salvadora de Deus na vida individual.

 

Referências

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  3. ROBINSON, John. Redating the New Testament. Wipf & Stock Publishers, 2000.
  4. LINDEBERG. Carter. Uma breve história do cristianismo. São Paulo: Loyola, 2008. pág. 26
  5. KENT, Grenville e RODIONOFF, Philip. O Código Da Vinci e a Bíblia: seria o cristianismo a maior fraude da história?. Tatuí: CPB, 2006. pág. 52 e 53.
  6. BOCK, Darrell L. Quebrando o Código Da Vinci. Osasco: Novo Século, 2004. pág. 117.
  7. GUEDES, Ivan (09 de julho de 2008). Os Livros Questionados e/ou Antilegomena. Blog Reflexão Bíblica. Página visitada em 23 de Junho de 2010.
  8. GEISLER, Norman e NIX, William. A Extensão do Cânon do Novo Testamento in Introdução Bíblica. São Paulo: Vida, 2006. pág. 119-122.
  9. RIBEIRO, Júnior (22 de fevereiro de 2009). W.A. Os apócrifos do Novo Testamento. Portal Graecia Antiqua. Página visitada em 23 de Junho de 2010.
  10. GEISLER, Norman e TUREK, Frank. Possuímos testemunhos antigos sobre Jesus? in Não tenho Fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Vida, 2006. pág. 241-250.
  11. BRUCE, F F. The New Testament Documents: Are They Reliable? Leicester: InterVarsity, 1981. pág. 27.
  12. "Ammonian Sections" na edição de 1913 da Catholic Encyclopedia (em inglês)., uma publicação agora em domínio público.
  13. "Euthalius". Catholic Encyclopedia. (1913). New York: Robert Appleton Company. 
  14. BLACK. David A. Por que quatro evangelhos?: razões históricas e científicas da escolha de Mateus, Marcos, Lucas e João. São Paulo: Vida, 2004. pág. 73.
  15. BRUCE, F F. The New Testament Documents: Are They Reliable? Leicester: InterVarsity, 1981. pág. 18.
  16. KENT, Grenville e RONDIONOFF, Philip. O Código Da Vinci e a Bíblia. Tatuí: CPB, 2006. pág. 54 e 55.
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  19. BLACK. David A. Por que quatro evangelhos?: razões históricas e científicas da escolha de Mateus, Marcos, Lucas e João. São Paulo: Vida, 2004. pág. 22.
  20. WITHERINGTON III, Ben. História e Histórias do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2005. pág. 80.
  21. MULHOLLAND, Dewey. Marcos: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 2008. pág. 15-19.
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  23. BLACK. David A. Por que quatro evangelhos?: razões históricas e científicas da escolha de Mateus, Marcos, Lucas e João. São Paulo: Vida, 2004. pág. 28-34 e 41-47.
  24. MULHOLLAND, Dewey. Marcos: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 2008. pág. 237-240.
  25. PAROSCHI, Wilson. Crítica Textual do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008. pág. 185.
  26. WITHERINGTON III, Ben. História e Histórias do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2005. pág. 83.
  27. MORRIS, Leon. Lucas: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1996. pág. 13 e 14.
  28. WITHERINGTON III, Ben. História e Histórias do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2005. pág. 85-88.
  29. BLACK. David A. Por que quatro evangelhos?: razões históricas e científicas da escolha de Mateus, Marcos, Lucas e João. São Paulo: Vida, 2004. pág. 34.
  30. EUSÉBIO. História Eclesiástica 3.39.15-16. São Paulo: Paulinas, 2005.
  31. HARRISON, Everest; PFEIFFER, Charles. Comentário Bíblico Moody vol. 4: os Evangelhos e Atos. São Paulo: Batista Regular, 2001, pág. 1
  32. BRUCE, F F. Merece Confiança o Novo Testamento?. São Paulo, Vida Nova, 2010. pág. 19 e 20.
  33. BRUCE, F F. Merece Confiança o Novo Testamento?. São Paulo, Vida Nova, 2010. pág. 20;
  34. TENNEY, Merrill. O Novo Testamento sua origem e análise. São Paulo: Shedd Publicações, 2008. pág. 341;
  35. EUSÉBIO, História Eclesiástica. 6.20.3;
  36. Citado de Orígenes por Eusébio em História Eclesiástica 6.25;
  37. Eusébio em História Eclesiástica 6.14, citando Hypotyses, de Clemente;
  38. TERTUALIANO, De Pudicitia XX;
  39. TENNEY, Merrill. O Novo Testamento sua origem e análise. São Paulo: Shedd Publicações, 2008. pág. 368

 Ligações externas

  • Bíblia Católica On Line Bíblia em várias línguas, incluindo português, grego e latim.
  • Bíblia Sagrada Íntegra da Bíblia Sagrada em Português - Versão Revista e Corrigida de João Ferreira de Almeida.

  Grego

 

 

Martinho Lutero



“Das Neue Testament Deustsch, 1522. Vorrede”.

Ao retornar da assembléia imperial de Worms, em fins de abril de 1521, Lutero foi “seqüestrado” por cavaleiros do duque eleitor Frederico da Saxônia e posto em segurança no Wartburgo, a poucos quilômetros de Eisenach. Como herege excomungado pelo papa (bula de 4 de janeiro de 1521) e proscrito pelo imperador (édito de 26 de maio de 1521), corria perigo de vida. Convinha ao eleitor que permanecesse “em lugar incerto e ignorado” até Segunda ordem.

Durante os meses de reclusão, de maio de 1521 a março de 1522, Lutero desenvolveu uma atividade literária espantosa. Publicou comentários aos Salmos 68, 22 e 37, ao cântico de Maria, conhecido por Magnificat (Lucas 1.46-55) e à história dos dez leprosos. Lançou obras polêmicas contra Jerônimo Emser de Leipzig, (1478-1527), sobre o sacerdócio; contra o papa, negando o dever da confissão, e contra o arcebispo Alberto da Mongúcia sobre as indulgências. Refutou, em latim, a justificativa do professor João Latromo (ca. 1475-1544) à condenação de teses luteranas pela universidade de Lovenha ( Rationis Latomianae Confutatio ). Traduziu para o alemão e publicou a refutação de Filipe Melanchton ao veredicto da universidade de Paris. Começou a redigir uma exposição sistemática das perícopes ou leituras dos evangelhos e das epístolas selecionadas para os cultos dominicais. Essa Postilla deveria servir aos pregadores na preparação de sermões e aos chefes de família no culto doméstico. A obra principal do período foi, porém, a tradução do Novo Testamento para o alemão.

Ocorre que, em Wittemberg, pessoas ligadas a Lutero estavam fazendo reformas no culto tradicional que ele próprio julgava inconveniente ou precipitadas. Num encontro secreto na cidade, em princípios de dezembro, Filipe Melanchton e outros colegas insistiram em que Lutero traduzisse o Novo Testamento. Era preciso dar ao povo o evangelho, em linguagem acessível, para todos poderem compreender e promover a causa evangélica.

De volta ao castelo, Lutero procurou corresponder ao pedido, apesar das dificuldades. Dispunha de poucos recursos, além dos essenciais: a Vulgata (versão latina de uso corrente), tradução da Vulgata em alemão, edição do texto grego por Erasmo de Roterdã (2ª edição em 1519). Não podia aconselhar-se com os colegas. Pretendia uma tradução que aos alemães falasse mais que a Vulgata aos latinos. Não obstante concluiu a tradução em cerca de onze semanas (meados de dezembro a fins de fevereiro). Depois de retornar a Wittemberg nos primeiros dias de março, Lutero revisou a tradução com o auxílio de Melanchton e outros colegas. À medida que concluía alguma parte, encaminhava o texto aos impressores. A obra foi lançada no mercado por volta de 21 de dezembro de 1520.

A aceitação foi tão grande, que em dezembro foi lançada a segunda edição, revisada. No ducado da Saxônia, na Bavária, Áustria e outros domínios, a obra foi proibida. Críticos da tradução, como Jerônimo Emser e João Dietenberger, valeram-se dela para publicar traduções próprias, aquele do Novo Testamento em 1527, e este da Bíblia em 1534. Outro adversário, João Cochlaeus, criticava que pessoas incultas, de tanto ler a tradução luterana, ousavam discutir com sacerdotes, monges, mestres e doutores. Depois de 1522, o Novo Testamento sofreu várias revisões, uma delas em 1530. A equipe de trabalho liderada por Lutero traduziu, gradualmente, o Antigo Testamento. A Bíblia completa foi lançada em 1534. Ao morrer, em 1546, Lutero estava empenhado numa revisão substancial, que os colegas completaram. Lutero redigiu prefácios ao Novo Testamento e às epístolas para corrigir distorções veiculadas em prefácios correntes e assegurar leitura proveitosa.

* * *

O mais certo e razoável seria que este livro saísse sem qualquer prefácio e nome estranho, e apresentasse apenas seu próprio nome e dizeres. Entrementes, porém, há uma série de interpretações e prefácios a desorientar a mente dos cristãos, de forma a quase não mais se saber o que significa evangelho ou lei, Novo ou Antigo Testamento. Por isso a necessidade exige uma orientação e prefácio, para que a pessoa simples seja conduzida do seu engano anterior para o caminho correto e receba instrução acerca do que ela deve levar em consideração neste livro. Assim não procurará mandamento e lei ao estar procurando evangelho e promessa de Deus.

Por isso se deve saber, em primeiro lugar, que é preciso abandonar a idéia errônea de que haveria quatro evangelhos e apenas quatro evangelistas, e rejeitar por inteiro o que muitos fazem: dividir os livros do Novo Testamento em livros legais, históricos, proféticos e sapienciais, acreditando com isso (não sei como) fazer o Novo Testamento igual ao Antigo; na verdade é preciso observar o seguinte: O Antigo Testamento é um livro em que estão escritos a lei e o mandamento de Deus, ao lado de histórias tanto daqueles que os observaram, como dos que não os observaram. O Novo Testamento [por seu lado] é um livro em que estão escritos o evangelho e a promessa de Deus, bem como ainda a história de ambos: dos que nisto crêem e dos que não crêem. Por conseguinte, não deve haver dúvida de que há apenas um evangelho, assim como há apenas um livro do Novo Testamento e somente uma fé e um único Deus que e faz a promessa.

isso porque evangelho é uma palavra grega que quer dizer “boa mensagem”, “boa notícia”, “boa nova”, “bom anúncio”, de que se canta, fala e se alegra. Por exemplo: Quando Davi subjugou o gigante Golias, o povo judeu recebeu a boa notícia e novidade consoladora de que seu inimigo terrível tinha sido morto e eles [agora] estavam salvos, levados à alegria e paz, motivo por que cantaram e dançaram e ficaram alegres. Da mesma forma este evangelho de Deus e este Novo Testamento é boa nova e notícia, que os apóstolos fizeram ressoar em todo o mundo: A boa notícia de um bom Davi, que lutou com o pecado, a morte e o diabo e os subjugou; assim salvou, justificou, vivificou e beatificou, sem que o merecessem, a todos aqueles que estavam presos em pecados, atormentados pela morte, subjugados pelo diabo; dessa forma os levou de volta para casa, para a paz e para Deus, motivo pelo qual eles cantam, dão graças a Deus, louvam e estão alegres eternamente, desde que o creiam firmemente e permaneçam na fé.

Semelhante proclamação e notícia consoladora, ou novidade evangélica e divina, também é chamada de “novo testamento”. E isso pela seguinte razão: Um homem que está por morrer estabelece como sua propriedade será distribuída entre os herdeiros por ele designados, após a sua morte. A isso se chama testamento. Assim também Cristo ordenou e estabeleceu que semelhante evangelho fosse proclamado após sua morte em todo o mundo, assim entregando a todos que crêem todo o seu bem, isto é: sua vida, com a qual tragou a morte; sua justiça, com a qual extermina o pecado; sua beatitude, com a qual superou a condenação eterna. A pobre pessoa humana, enredada em pecados, morte e a caminho do inferno, nada pode ouvir de mais consolador que essa preciosa, querida mensagem de Cristo; seu coração tem que rir do mais profundo íntimo e se alegrar, ao crer que isso seja verdade.

Para fortalecer essa fé, Deus prometeu, por diversas vezes, este seu evangelho e testamento no Antigo Testamento através dos profetas, como Paulo o diz em Romanos 1.11s: “Fui separado para o evangelho de Deus, o qual foi por Deus outrora prometido por intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras, com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi”, etc. E, para mencionarmos várias passagens, ele o prometeu primeiro ao dizer à serpente em Gênesis 3.15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Cristo é a descendência dessa mulher que esmagou a cabeça do diabo, isto é, o pecado, a morte, o inferno e toda a sua força. Porque, sem essa descendência, pessoa alguma pode escapar do pecado, da morte, do inferno.

Da mesma forma ele o prometeu em Gênesis 22.18 a Abraão: “Em tua descendência serão benditas todas as nações da terra.” Cristo é a descendência de Abraão, diz Paulo em Gálatas 3.16. Ele abençoou a toda a terra através do evangelho. Pois onde Cristo não está, ali ainda existe a maldição que caiu sobre Adão e seus filhos devido a seu pecado, de forma a serem forçosamente culpados e pertencentes ao pecado, à morte e ao inferno, Opondo-se à maldição, o evangelho agora abençoa todo o mundo através de seu chamado público: Quem crê nessa descendência de Abraão, será abençoado, estará livre de pecado, morte e inferno, e está justificado, vivo e salvo eternamente, como o diz o próprio Cristo em João 11.26: “Quem crê em mim, jamais morrerá.”

Da mesma forma ele o prometeu a Davi em 2 Samuel 7.12.ss, ao dizer: “Hei de despertar tua descendência após ti, ela me edificará uma casa, e eu firmarei seu reino eternamente Quero ser seu pai, e ele será meu filho” etc. Esse é o reino de Cristo, do qual fala o evangelho: um reino eterno, da vida, da bem-aventurança e justiça, para dentro do qual virão da cadeia do pecado e da morte todos os que crêem. Semelhantes promessas do evangelho ainda há outras, como por exemplo Miquéias 5.2: “E ti, Belém, és pequena entre as cidades de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel” , e ainda Oséias 13.14: “Eu os resgatarei das mãos da morte, da morte, os salvarei.”

Assim vemos agora que não há mais do que um evangelho, bem como apenas um Cristo, isso porque “evangelho” não é nem pode ser outra coisa senão uma pregação de Cristo, filho de Deus e de Davi, verdadeiro Deus e homem, que por nós, com sua morte e ressurreição, superou o pecado, a morte e o inferno de todos os que nele crêem. De sorte que o evangelho pode constar de uma fala curta ou longa, podendo um dizê-lo em palavras breves e outro, de norma longa. Em pormenores o descreve aquele que descreve muitas obras  e palavras de Cristo, como o fazem os quatro evangelistas. De forma breve, porém, o descreve aquele que não fala das obras de Cristo, mas indica com poucas como ele, através do morrer e ressurgir superou pecado, morte e inferno para aqueles que nele crêem. Assim o fazem Pedro e Paulo.

Por isso cuide que não faça de Cristo um Moisés, nem do evangelho uma lei ou um livro de doutrina como aconteceu até agora e dão a entender diversos prefácios da versão Vulgata, de São Jerônimo. Pois o evangelho, no fundo, não exige nossa obra, com a qual nos pudéssemos formar retos e salvos. Antes ele condena semelhantes obras e exige apenas fé em Cristo, que venceu para nós o pecado, a morte e o inferno, tornado-nos retos, vivificados e bem-aventurados. E não por nossas obras, mas por suas próprias obras: morte e sofrimento, para que aceitemos sua morte e vitória como se nós mesmos o tivéssemos realizado.

Mas acontece que, no evangelho, Cristo, e além dele Pedro e Paulo fornecem muita lei e doutrina e interpretam a lei. Deve-se ter isso em tão alta conta como todas as outras obras e benefícios de Cristo. Conhecer suas obras e a história de sua vida ainda não significa conhecer o evangelho correto, pois com isso você ainda não sabe que ele superou pecado, morte e diabo. Assim também ainda não significa conhecer o evangelho, se você sabe essa doutrina e mandamento, mas apenas quando vem aquela voz que diz: Cristo é sua propriedade, com vida, obras, morte, ressurreição e tudo que ele é, tem, faz e consegue.

Portanto também enxergamos que ele não fica insistindo, mas convida amavelmente e fala: “Bem-aventurados são os pobres” etc. E os apóstolos utilizam a palavra: “eu exorto”, “eu suplico”, “eu peço”. Assim se vê em toda parte que o evangelho não é um livro de leis, e sim apenas uma pregação dos benefícios de Cristo, a nós apresentados e concedidos, assim o cremos. Moisés, porém, em seus livros instiga, insiste, ameaça, bate e castiga cruelmente; porque ele é um escritor e instigador da lei. Daí vem que ao crente não é dada lei alguma, como o diz Paulo em 1 Timóteo 1.9; isso porque ele é justo, vivificado e salvo através da fé. E ele não tem mais necessidade de comprovar semelhante fé.

Sim, onde estiver a fé, ela não consegue se refrear, ela se comprova, irrompe e confessa e ensina esse evangelho diante das pessoas e por ele arrisca sua vida. E tudo que ela vive e faz, destina-o ao proveito do próximo, para lhe ajudar, não só que ele alcance semelhante graça, mas também no que tange o corpo, propriedade e honra, [da mesma forma] como ela vê que Cristo lhe fez, seguindo, portanto, ao exemplo de Cristo. Isso também é o que Cristo quer dizer, uma vez que em última ma análise ele não deu nenhum outro mandamento senão o amor. Nele se deveria reconhecer quem seriam seus discípulos e crentes verdadeiros; pois onde não irrompem as obras e o amor, a fé não está bem, o evangelho ainda não pegou, e Cristo ainda não foi bem reconhecido. Volte-se, portanto, para os livros do Novo Testamento e veja que os consiga ler dessa maneira.


Quais os bons e mais nobres livros do Novo Testamento

Partindo de tudo isso, você pode agora julgar e distinguir bem quais os melhores dentre todos os livros. Pois o evangelho segundo João e as epístolas de Paulo, particularmente aquela aos Romanos, e a primeira epístola de Pedro são o bom cerne e a medula dentre todos os livros. Esses deveriam perfeitamente ser os primeiros. E a cada cristão se deveria recomendar que os lesse por primeiro e com maior freqüência, familiarizando-se com eles pela leitura diária como se tosse o pão de cada dia. Pois nestes não encontrará muitas obras e feitos milagrosos de Cristo. Achará, porém, magistralmente enfatizado como a fé em Cristo supera pecado, morte e inferno e concede a vida, justiça e salvação, o que afinal representa o feitio propriamente dito do evangelho, como você ouviu acima.

Pois se jamais eu precisasse renunciar a um dos dois, às obras ou às pregações de Cristo, eu renunciaria antes às obras que às pregações. Pois as obras de nada me adiantariam. Suas palavras, porém, estas dão a vida, como ele mesmo o diz. João descreve poucas obras de Cristo, mas muitas de suas pregações, ao passo que os outros três evangelistas, inversamente, descrevem muitas de suas obras e poucas palavras suas. Por isso o Evangelho segundo João é o único evangelho bonito e certo, o principal, sendo que se lhe deve dar considerável preferência e consideração. Também as epístolas de Paulo e Pedro superam em muito os três evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.

Em suma: o evangelho segundo João e sua primeira epístola, as epístolas de Paulo, particularmente as dirigidas aos romanos, gálatas, efésios, e a primeira epístola de Pedro, estes são os livros que lhe apresentam Cristo e lhe ensinam tudo que é necessário e bom saber, ainda que jamais visse ou ouvisse qualquer outro livro ou doutrina. Por isso a epístola de Tiago é uma epístola bem insossa, em comparação, pois ela, de qualquer forma, não tem natureza evangélica. Mas disso ainda falaremos em outros prefácios.

 

 


Fonte: Martinho Lutero. Pelo Evangelho de Cristo: Obras selecionadas de momentos decisivos da Reforma.

 

Traduções

Livro do Gênesis, Bíblia em Tamil de 1723.

Eusébio Sofrônio Jerônimo (conhecido como São Jerônimo pelos católicos) traduziu a Bíblia diretamente do hebraico, aramaico e grego para o latim, criando a Vulgata.[29][18] No Concílio de Trento em 1542, essa versão traduzida foi estabelecida como versão oficial da Bíblia para a Igreja Católica.[30][18] Em meados do século XIV o teólogo John Wyclif realizou a tradução da Bíblia para o inglês.[31] Após a Reforma Protestante a Bíblia recebeu traduções para diversas línguas e passou a ser distribuída sem restrições para as pessoas.[32]

Martinho Lutero traduz a Bíblia para a língua alemã [33] enquanto estava escondido em Wittenberg do Papa Leão X, que queria fazer um "julgamento" após a publicação das 95 Teses.[18]

A grande fonte hebraica para o Antigo Testamento é o chamado Texto Massorético[34]. Trata-se do texto hebraico fixado ao longo dos séculos por escolas de copistas, chamados massoretas, que tinham como particularidade um escrúpulo rigoroso na fidelidade da cópia ao original. O trabalho dos massoretas, de cópia e também de vocalização do texto hebraico (que não tem vogais, e que, por esse motivo, ao tornar-se língua morta, necessitou de as indicar por meio de sinais), prolongou-se até ao Século VIII d.C. Pela grande seriedade deste trabalho, e por ter sido feito ao longo de séculos, o texto massorético (sigla TM) é considerado a fonte mais autorizada para o texto hebraico bíblico original[34].

No entanto, outras versões do Antigo Testamento têm importância, e permitem suprir as deficiências do Texto Massorético. É o caso do Pentateuco Samaritano (os samaritanos que eram uma comunidade étnica e religiosa separada dos judeus, que tinham culto e templo próprios, e que só aceitavam como livros sagrados os do Pentateuco), e principalmente a Septuaginta Grega (sigla LXX)[35].

A Versão dos Setenta ou Septuaginta Grega, designa a tradução grega do Antigo Testamento, elaborada entre os séculos IV e II a.C., feita em Alexandria, no Egito. O seu nome deve-se à lenda que dizia ter sido essa tradução um resultado milagroso do trabalho de 70 eruditos judeus, e que pretende exprimir que não só o texto, mas também a tradução, fora inspirada por Deus. A Septuaginta Grega é a mais antiga versão do Antigo Testamento que conhecemos. A sua grande importância provém também do facto de ter sido essa a versão da Bíblia utilizada entre os cristãos, desde o início, versão que continha os Deuterocanônicos, e a que é de maior citação do Novo Testamento, mais do que o Texto Massorético.[36][37].

A Igreja Católica considera como oficiais 73 livros bíblicos (46 do Antigo Testamento e 27 do Novo), sendo 7 livros a mais no Velho Testamento do que das demais religiões cristãs e pelo Judaísmo.[2] Já a Bíblia usada pela Igreja Ortodoxa contém 76 livros, 3 a mais que a católica e 10 a mais que a protestante.[38]

[editar] Mundo lusófono

A primeira versão portuguesa da Bíblia surgiu apenas em 1748, a partir da Vulgata Latina,[2] traduzida para o português por João Ferreira de Almeida. Almeida faleceu antes de concluir o trabalho, que foi finalizado por colaboradores holandeses.

[editar] Número de traduções

De acordo com as Sociedades Bíblicas Unidas, a Bíblia já foi traduzida, até 31 de dezembro de 2007, para pelo menos 2.454 línguas e dialectos [39] (ver: Traduções da Bíblia em línguas indígenas do Brasil).

[editar] Erros e adulterações

Roger Bacon provou que vários textos da Bíblia estavam adulterados.[40]

Um erro de tradução da Bíblia é tomar staurós como estaca ou estaca de tortura e, baseando-se nisto, dizer que Jesus foi pregado em uma estaca ao invés de uma cruz.[41] Isto pois, na época que se diz ser a da morte de Jesus, o significado da palavra já havia passado a abranger duas estacas cruzadas.[41]

[editar] Crítica

A Bíblia gera uma grande polêmica por condenar o ato homossexual, gerando revolta nos homossexuais.[42]

Segundo o jornalista David Plotz, da revista online Slate Magazine, a Bíblia tem muitas passagens difíceis, repulsivas, confusas e entediantes.[15]

De acordo com o livro How To Read The Bible?, de James Kugel, não há veracidade histórica na Bíblia. [16] A versão hebraica da Bíblia não oferece uma orientação clara de como devemos agir.[22]

De acordo com Mark Twain, a Bíblia retrata Deus como um homem de impulsos maus muito além dos limites humanos, sendo classificada por ele a biografia mais condenável já vista.[22] Ainda de acordo com ele, no Antigo Testamento, Deus é mostrado como sendo injusto, mesquinho, cruel e vingativo, punindo crianças inocentes pelos erros de seus pais; punindo pessoas pelos pecados de seus governantes, descontando sua vingança em ovelhas e bezerros inofensivos, como punição por ofensas insignificantes cometidas por seus proprietários.[22]

[editar] Ver também

[editar] Bibliografia

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  • LIMA, Alessandro. O Cânon Bíblico - A Origem da Lista dos Livros Sagrados. São José dos Campos-SP: Editora COMDEUS, 2007.
  • PASQUERO, Fedele. O Mundo da Bíblia, Autores Vários. São Paulo: Paulinas, 1986.
  • ROST, Leonard. Introdução aos Livros Apócrifos e Pseudo-Epígrafos do Antigo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1980.

Notas

  1. O apóstolo Paulo afirma que "toda a Escritura é inspirada por Deus" literalmente, "soprada por Deus", que é a tradução da palavra grega θεοπνευστος, theopneustos] (2 Timóteo 3:16). O apóstolo Pedro diz que "nenhuma profecia foi proferida pela vontade dos homens. Inspirados pelo Espírito Santo é que homens falaram em nome de Deus." (2 Pedro 1:21). O apóstolo Pedro atribui aos escritos de Paulo a mesma autoridade do Antigo Testamento: "E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição" (2 Pedro 3:15-16).
  2. a b Veja por exemplo em Wikisource-logo.svg "Canon of the New Testament" na edição de 1913 da Catholic Encyclopedia (em inglês)., uma publicação agora em domínio público.. Para uma discussão mais aprofundada, veja o artigo Cânon bíblico
  3. Veja por exemplo, Taylor, Larry A. [The Canon of the Bible The Canon of the Bible] (em inglês). [S.l.: s.n.], 1999.. O artigo «Biblical canon» na Wikipédia em inglês da Wikipedia em inglês contém uma tabela com as diferenças entre as diversas denominações cristãs.

Referências

  1. Rainer Sousa. Bíblia. Mundo educação. Página visitada em 31 de março de 2011. "Em seu significado original, o termo bíblia vem da palavra grega “biblos” que significa “papel, livro, papiro” e pode ser utilizado para todo e qualquer conjunto de textos sagrados que contém os ensinamentos fundamentais de qualquer tipo de religião. Entretanto, o uso desse termo acabou sendo também utilizado para se nomear o principal livro adotado pela religião cristã. Contendo sessenta e seis livros, a Bíblia é tida como uma das publicações mais vendidas ao redor do mundo."
  2. a b c d e f Bíblia. Infoescola (26 de fevereiro de 2008). Página visitada em 15 de abril de 2011. "A Bíblia é um dos livros sagrados da Humanidade, a interpretação religiosa da jornada humana pela Terra, do ponto de vista do povo judeu, narrada pelo próprio Homem, mas segundo a Igreja inspirada diretamente por Deus. [...] Ela deriva do grego Bíblos ou bíblion, significando ‘rolo’ ou ‘livro’. [...] A palavra ‘Bíblia’ foi adotada pelo Cristianismo a partir do ano 200 d.C. [...] A Igreja Católica Apostólica Romana determinou como oficiais 73 livros bíblicos, 46 integrantes do Antigo Testamento e 27 do Novo. A Bíblia Católica tem sete livros a mais no Velho Testamento do que as versões adotadas por outras religiões cristãs e pelo Judaísmo [...] Originalmente a Bíblia não era dividida em capítulos e versículos. Os capítulos foram criados pelo Professor Stephen Langton, em 1227 d.C [...]. Em 1551 Robert Stephanus percebeu que era fundamental implementar subdivisões nesta obra, e assim elaborou os versículos. [...] Somente em 1748 d.C. surgiu uma edição bíblica na língua portuguesa, a partir da Vulgata Latina."
  3. Rainer Sousa. Hebreus. Brasil Escola. Página visitada em 30 de março de 2011. "Uma das maiores fontes de estudo da trajetória do povo hebreu se encontra na Bíblia, principalmente na parte do conhecido Velho Testamento. Nesse livro, hoje de valor sagrado para o Cristianismo, podemos ver alguns traços da história e da cultura desse povo."
  4. Tiago Dantas. Cristianismo. Brasil escola. Página visitada em 31 de março de 2011. "O livro sagrado dos cristãos é a Bíblia Sagrada, composta pelo Antigo e pelo Novo Testamento. A primeira parte conta a história da criação do mundo, das leis, tradições judaicas, etc. Já o Novo Testamento conta a vida de Jesus, como os cristãos primitivos viviam, etc."
  5. Mundo educação. Dia Mundial da Religião. Página visitada em 31 de março de 2011. "Com o cristianismo, a igreja se dividiu em três vertentes[...]. Seu livro sagrado é a bíblia, e traz como forma de vida os ensinamentos do filho do Messias, Jesus Cristo."
  6. Lorna Daniels Nichols. Big Picture of the Bible — New Testament. [S.l.]: Winepress Publishing, 2009. ISBN 978‐1‐433‐67181‐4
  7. John J. McDermott. Reading the Pentateuch: a historical introduction. [S.l.]: Paulist Press, 2002. ISBN 978‐0‐8091‐4082‐4
  8. Bruce M. Metzger; Michael David Coogan. The Oxford Companion to the Bible. [S.l.]: Oxford University Press, 1993. ISBN 978‐0‐19‐504645‐8
  9. a b Rainer Souza. Criacionismo. Brasil Escola. Página visitada em 31 de março de 2011. "O cristianismo adota a Bíblia como fonte explicativa sobre a criação do homem. Segundo a narrativa bíblica, o homem foi concebido depois que Deus criou céus e terra. Também feito a partir do barro, o homem teria ganhado vida quando Deus assoprou o fôlego da vida em suas narinas."
  10. James Hutton, avô da seleção natural. Ciência Hoje (13 de novembro de 2003). Página visitada em 21 de maio de 2011. "Segundo ele, a composição das rochas do planeta é uma das muitas provas de que ele foi formado bem antes do que relata a Bíblia (somente 8 mil anos)."
  11. Evolução e religião. Ciência Hoje (8 de outubro de 2009). Página visitada em 29 de maio de 2011. "Apenas algumas denominações protestantes fundamentalistas fazem uma interpretação literal estrita, criacionista, do livro do Gênesis na Bíblia que os leva a rejeitar em princípio a evolução biológica. Para eles a Terra (e todo o universo) tem menos de 10 mil anos (danem-se os dinossauros e toda a evidência fóssil) e Deus criou o homem diretamente! No seu livro Os anais do velho testamento, publicado em 1650, o bispo inglês James Ussher calculou que Deus criou o universo na véspera do dia 23 de outubro de 4004 a.C. Até o final dos anos 1970 todas as Bíblias colocadas em quartos de hotel nos Estados Unidos pela Gideon Society continham essa estimativa, que também fez parte da arguição a que Clarence Darrow submeteu William Jennings Bryan no famoso julgamento de Scopes, no Tennessee, em 1926."
  12. Ler ou não ler?. Ciência Hoje (1 de fevereiro de 2006). Página visitada em 18 de maio de 2011. "Uma pesquisa sobre os livros mais vendidos de todos os tempos revela unanimidade apenas nos dois primeiros lugares. Na cabeça da lista vem a Bíblia [...]."
  13. Editores da Publications International Ltd (2007). 21 livros mais vendidos de todos os tempos. Como tudo funciona. Página visitada em 29 de março de 2011.
  14. a b c Why Doesn't Every President Use the Lincoln Bible? (em inglês). Slate (19 de janeiro de 2009). Página visitada em 19 de junho de 2011. "According to official records kept by the Architect of the Capitol, Teddy Roosevelt is the only president who wasn't sworn in using a Bible; he took a rushed oath of office in 1901 following the assassination of William McKinley. [...] John Quincy Adams, according to his own letters, placed his hand on a constitutional law volume rather than a Bible to indicate where his fealty lay. [...] There are no known inauguration Bibles for presidents John Adams through John Tyler; in fact, there's no concrete evidence that those early presidents used a Bible at all for the oath."
  15. a b c d Good Book (em inglês). Slate (3 de março de 2009). Página visitada em 7 de junho de 2011. "A century ago, most well-educated Americans knew the Bible deeply. Today, biblical illiteracy is practically universal among nonreligious people. [...] Even among the faithful, Bible reading is erratic. The Catholic Church, for example, includes only a teeny fraction of the Old Testament in its official readings. Jews study the first five books of the Bible pretty well but shortchange the rest of it. Orthodox Jews generally spend more time on the Talmud and other commentary than on the Bible itself. Of the major Jewish and Christian groups, only evangelical Protestants read the whole Bible obsessively. [...] Maybe it doesn't make sense for most of us to read the whole Bible. After all, there are so many difficult, repellent, confusing, and boring passages."
  16. a b c Biblically Speaking (em inglês). Slate (4 de março de 2009). Página visitada em 7 de julho de 2011. "My book is by no means a substitute for the Bible. It's an effort to bring a new [...] perspective to a book that has been made inaccessible and difficult by clergy and academics. [...] James Kugel's recently published How To Read the Bible? [...] I read Kugel's book [...]. [...] Kugel demolishes, chapter by chapter, the idea that the Bible is historically true (No exodus from Egypt, no conquest of the Promised Land, God is an offshoot of Baal, etc). [...] Here we have a book written 3,000 years ago, with bizarre stories, peculiar laws, erratic deity [...] Martin Luther was one of the first theologians to suggest that people read AND interpret the Bible for themselves. [...] Clergy have mostly discouraged us from reading the Bible, insisting that we should only do it under their tutelage."
  17. Rainer Sousa. Onde Judas perdeu as botas. Brasil Escola. Página visitada em 30 de março de 2011. "Entre a Antiguidade e a Idade Média, por exemplo, a inacessibilidade aos textos bíblicos foi responsável pela criação de várias narrativas envolvendo os personagens cristãos. Os feitos e destinos de certos nomes presentes na Bíblia ganhavam acréscimos e certas distorções que salientavam a forte presença do cristianismo no imaginário dessa época. Levando em conta que boa parte da população era iletrada, ficava difícil de impor um rigor de verdade entre as várias histórias de cunho bíblico."
  18. a b c d e f Lutero. HistoriaNet (22 de abril de 2005). Página visitada em 7 de junho de 2011. "Martin Lutero alegava ainda, que somente o amor de Cristo era capaz de providenciar paz de espírito, o alcance deste amor era oferecido por meio da Bíblia, gratuitamente. [...] A Igreja Católica centralizava seu poder sobre os fieis privando-os de possuírem um exemplar da bíblia, sob alegação que jamais poderiam entendê-la, devido a sua complexidade. Diziam ainda que o papel de ensinar as orientações de Deus era uma responsabilidade exclusiva da Igreja Católica, "comandada" pelo Papa."
  19. a b É possível a convivência pacífica entre ciência e religião?. Ciência Hoje (10 de janeiro de 2003). Página visitada em 18 de maio de 2011. "A interpretação literal da Bíblia também ajudou a criar os conflitos entre ciência e religião. A crença de que um deus criou a Terra para nos abrigar e todas as outras espécies para nos servir pode ser muito alentadora, embora contrarie consensos científicos que poucos ousam desafiar. Mas a Bíblia, inspirada em tantas fontes diferentes, não pode ser entendida como um relato preciso da história humana ou uma descrição perfeita da natureza, apesar de estar repleta de verdades morais valiosas e incontestáveis."
  20. Com os pés na terra e os olhos no céu. Ciência Hoje (27 de outubro de 2009). Página visitada em 18 de maio de 2011. "Para o astrônomo e filósofo, as escrituras deveriam ser interpretadas a partir do estudo da natureza."
  21. O DNA do racismo. Ciência Hoje (11 de julho de 2008). Página visitada em 18 de maio de 201. "Mas a conciliação do inconciliável precisava ser racionalizada com argumentos da própria religião. Isso envolveu duas vertentes principais. A primeira consistiu em substituir a ênfase da unidade da humanidade a partir da Adão e Eva por uma divisão tricotômica baseada nos filhos de Noé: Cam, Sem e Jafé. Segundo o livro do Gênese na Bíblia, Cam viu Noé nu e bêbado e contou para seus irmãos, zombando do pai. Ao saber disso, Noé amaldiçoou Cam e o condenou, assim como toda a sua descendência, à servidão. Os escravocratas avidamente adotaram uma identificação dos africanos com os descendentes de Cam, uma cômoda justificativa religiosa para a escravidão, embora na própria Bíblia não haja nenhuma referência à cor de Cam ou qualquer descrição de seus descendentes."
  22. a b c d Chatting the Bible (em inglês). Slate (13 de abril de 2007). Página visitada em 8 de julho de 2011. "the Bible, at least the Hebrew Bible, does not offer clear guidance about how we are supposed to behave. [...] Most people encounter the Bible through someone else—as their rabbi or pastor or professor or priest interprets it for them. [...] here you have a book that is thousands of years old, written by a small primitive tribe [...]. [...] "The Bible," according to Mark Twain, "reveals the character of its God with minute exactness. It is a portrait of a man, if one can imagine a man with evil impulses far beyond the human limit. In the Old Testament He is pictured as unjust, ungenerous, pitiless, and revengeful, punishing innocent children for the misdeeds of their parents; punishing unoffending people for the sins of their rulers, even descending to bloody vengeance upon harmless calves and sheep as punishment for puny trespasses committed by their proprietors. It is the most damnatory biography that ever found its way into print.""
  23. a b Patrícia Lopes. Testemunhas de Jeová. Brasil escola. Página visitada em 31 de março de 2011. "As Testemunhas de Jeová acreditam que a Bíblia é a palavra de Deus, tendo-a como base para suas crenças. O Novo Testamento é chamado de Escrituras Gregas Cristãs e o Velho Testamento, de Escrituras Hebraicas. Consideram os 66 livros que compõem a Bíblia, interpretando-a de forma literal, salvo quando as expressões ou o contexto revelam que o sentido é figurado ou simbólico."
  24. Rainer Sousa. Espiritismo. Brasil Escola. Página visitada em 5 de abril de 2011. "Abrindo portas para a doutrina cristã, o espiritismo tem um elo relativo com o texto bíblico e os evangelhos. Sem ocupar a posição fundamental da obra de Kardec, a Bíblia é utilizada como uma das várias referências de compreensão do mundo espiritual. Concomitantemente, a vida de Jesus Cristo é considerada um modelo de evolução espiritual também obtido na história de vida de outros indivíduos iluminados."
  25. a b Pedro Apolinário. História do Texto Bíblico. [S.l.: s.n.], 1985.
  26. Louis Berkhof. Teologia Sistemática. [S.l.: s.n.]. ISBN 9788576222590
  27. a b Cânone Católico (em inglês). Catholic Culture. Página visitada em 16/04/2011.
  28. Wikisource-logo.svg "Canon of the Old Testament" na edição de 1913 da Catholic Encyclopedia (em inglês)., uma publicação agora em domínio público.
  29. A Igreja na Idade Média. Historianet. Página visitada em 30 de março de 2011. "Eusébio Jerônimo, dálmata, conhecido como São Jerônimo que traduziu a Bíblia diretamente do hebraico, aramaico e grego para o latim. Esta versão é a célebre Vulgata, cuja autenticidade foi declara pelo Concílio de Trento."
  30. Reforma Protestante - Contra-reforma. Brasil escola. Página visitada em 31 de março de 2011. "Em 1542, o Concílio de Trento, uma reunião dos principais líderes da Igreja organizada pelo papa Paulo III, [...] . No Concílio de Trento estabeleceu-se [...] . Além disso, a Vulgata foi estabelecida como versão oficial da Bíblia Sagrada, [...]."
  31. Reforma Protestante - Anglicanismo. Brasil escola. Página visitada em 31 de março de 2011. "Desde meados do século XIV, o teólogo John Wyclif realizou duras críticas ao poder material da Igreja e fez a tradução da Bíblia para o inglês."
  32. Protestantismo. Brasil escola. Página visitada em 31 de março de 2011. "Por esse motivo, a partir da Reforma Protestante, a Bíblia foi traduzida para diversas línguas e distribuída sem restrições para as pessoas."
  33. Reforma Religiosa. HistoriaNet. Página visitada em 5 de junho de 2011. "Lutero foi excomungado em 1520. Ele queima publicamente a carta do papa (Bula papal), traduz a Bíblia para o Alemão, [...]."
  34. a b Nahum M. Sarna and S. David Sperling (2006), Text, in Bible, Encyclopaedia Judaica 2nd ed.; via Jewish Virtual Library
  35. Jewish Encyclopedia: Samaritans: Samaritan Version on the Pentateuch
  36. Karen H. Jobes e Moises Silva. Invitation to the Septuagint (em inglês). [S.l.]: Paternoster Press, 2001. ISBN 1-84227-061-3
  37. Life after death: a history of the afterlife in the religions of the West, Alan F. Segal, p.363 (em inglês)
  38. (em romeno)bibliaortodoxa.ro
  39. Sumário estatístico de idiomas com traduções das Escrituras (em inglês). Sociedades Bíblicas Unidas. Página visitada em 27 de março de 2009.
  40. Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Campina Grande. Roger Bacon. Brasil escola. Página visitada em 6 de abril de 2011. "Provou ainda que vários textos da Bíblia estavam adulterados e muitas traduções de Aristóteles erradas (1251)."
  41. a b A cruz de Cristo. O Nortão (4 de novembro de 2011). Página visitada em 11 de novembro de 2011. "Outro erro refere-se à cruz. Afirma-se que a cruz é um símbolo pagão e que Jesus teria sido pregado em uma estaca e com as mãos transpassadas por um só prego. Isso porque traduz-se a palavra grega “staurós” por estaca ou estaca de tortura e não por cruz. Originalmente, “staurós” significava poste, conforme se pode ver em Homero, Hesíquio de Alexandria e outros. Porém, passou a significar duas traves (uma vertical e outra horizontal) atravessada uma na outra. E tanto os escritores pagãos como os cristãos nos apresentam a cruz no tempo de Cristo usada para punir os criminosos: havia uma trave vertical chamada “stipes” ou “staticulum”, e uma outra dita “patibulum”, que era fixada à anterior em sentido horizontal. O réu era preso à trave horizontal com os braços abertos e depois fixo ao poste vertical."
  42. Gabriela Cabral. Homofobia. Brasil Escola. Página visitada em 5 de abril de 2011. "Há uma grande polêmica entre homossexualidade e religião, pois a Bíblia (livro utilizado pelo cristianismo) condena o ato homossexual e isso gera grande revolta nos homossexuais."

 Ligações externas