DEUSAS MÃES

 

 

Deusa mãe

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 
 
Uma estátua da cultura de Cucuteni, IV milênio aeC.

 

DEUSA MÃES TERRA

deusa-mãe

 

As belas Vênus pre-históricas. Alguns sugerem que sua corpulência é símbolo ...

Uma deusa mãe (ou deusa-mãe) é uma deusa, amiúde representada como a Mãe Terra; é representada como deidade de fertilidade geralmente sendo a generosa personificação da Terra. Como tal, nem todas as deusas podem considerar-se manifestações da Deusa Mãe.

O termo refere-se a um mito universal[1] de divindade feminina relacionada à Natureza, aos ciclos, à fertilidade, e seu culto remonta ao início da história humana, como pode ser observado nas retratações de . O culto à Deusa Mãe foi observado inicialmente na Pré-história[2] (Paleolítico[3] e Neolítico), aonde foram encontradas estatuetas de culto, estendendo-se ao reino da Frígia,[4] aonde ficou mais conhecida como Cibele,

cibele com leo

Cibele com leão no colo. Ainda intimamente conectados com a natureza

 

e daí à civilizações grega, romana, egípcia e babilônia aonde consolidou-se um enorme panteão de deusas. A existência do culto em várias culturas não-frígias evidencia no entanto que Cibele é tão-somente a manifestação local desta divindade, a qual era identificada, entre os gregos, à deusa Réia.

 

 

 

Estudos apontam que a ascensão do patriarcado, iniciada com os hebreus, na religião fez com que a tradição de adoração à Deusa se tornasse ameaçadora à consolidação do poder pelos homens. Alguns ramos do cristianismo, tais como o catolicismo Romano, e a ortodoxia consideram Maria,

VIRGEM MARIA DEUSA MÃE, ~CONSIDERA NO CATOLICISMO COMO A MÃE DE DEUS

como uma mãe espiritual, cumprindo um papel materno, e vista como uma força protetora e intercessora, porém ela não é adorada como uma "Deusa-Mãe".[6][7][8]

Esta deusa é representada nas tradições ocidentais de muitas formas, das imagens talhadas em pedra de Cibele a Dione,

 

       

                                                                                                                                                                 

                                                                                                                                                                                                                                            

 

deusa invocada em Dodona, junto com Zeus, até finais da época clássica. Entre os hinos homéricos (séculos VII-VI a.C.) há uma dedicação à Deusa Mãe chamado «Hino a Gea, Mãe de Todo». Os sumérios escreveram muitos poemas eróticos sobre a deusa mãe Ninhursaga.[9]

Controvérsia

As deidades que se encaixam na moderna concepção de deusas mães tem sido claramente adoradas em muitas sociedades até a atualidade. James Frazer (autor de A rama dourada) e aqueles a quem influenciou (como Robert Graves e Marija Gimbutas) avançaram a teoria de que todo o culto na Europa e Egeu que incluiu qualquer tipo de Deusa Mãe tinha origem nos matriarcados neolíticos pré-indoeuropeus, e que as diferentes deusas de localidades distintas eram equivalentes.

Ainda que esta idéia tenha tido boa aceitação como categoria útil para a mitografia, a idéia de que na antiguidade se cria que todas estas deusas eram intercambiáveis, tem sido objeto de estudo de diversos autores,como James Frazer, J. J. Bachofen, Joseph Campbell, James Melaart, Merlin Stone, Jane Ellen Harrison, Marija Gimbutas, Walter Burkert, entre muitos outros.

 Perspectiva não-cristã

A arqueologia pré-histórica, como por exemplo no sítio de Çatalhüyük, e a mitologia pagã registram esta origem do culto à Deusa Mãe e do ocre vermelho. As mais recentes descobertas de uma religião humana remontam, inicialmente, ao culto aos mortos (300.000 a.C.) e ao intenso culto da cor vermelha ou ocre associado ao sangue menstrual e ao poder de dar a vida. Na mitologia grega, a chamada mãe de todos os deuses, a deusa Réia (ou Cibele, entre os romanos), exprime este culto na própria etimologia: réia significa terra ou fluxo.[10] O acadêmico Joseph Campbell argumenta que Adão --do hebraico אדם relacionado tanto a adamá ou solo vermelho ou do barro vermelho, quanto a adom ou vermelho, e dam, sangue-- foi criado a partir do barro vermelho ou argila. A identidade da religião com a Mãe Terra, a fertilidade, a origem da vida e da manutenção da mesma com a mulher, seria, segundo Campbell, retratada também na Bíblia: ...a santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da Deusa. Ao criar, Jeová cria o homem a partir da terra [da Deusa], do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nessa forma. Mas a Deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo Dela. Nessas mitologias dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal.[11]

Diversos autores modernos analisam a estória da criação do "Gênesis" sob uma perspectiva não-cristã a qual seria definir a Bíblia como uma narrativa alegórica sobre a divindade hebraica Yavé suplantando a Deusa mãe, representada pela árvore da vida, e a religião hebraica suplantando este culto. Isto é demonstrado na passagem sobre a origem do pecado em que o conhecimento proibido relaciona-se a sexo, sexualidade, e reprodução, especialmente o conhecimento de que os homens participam da reprodução e que a estória descreve o processo pelo qual sociedades matriarcais tradicionais foram substituidas por sociedades patriarcais [12].

Diversos autores discutem sobre várias religiões do Oriente Próximo, muitas das quais representavam a Deusa mãe por uma serpente e outras por uma simbologia de comunhão realizada pelo ato de comer uma fruta de uma árvore que crescesse perto do altar dedicado à Deusa. Estas deusas, primeira e única Deusa Criadora, também representava o Conhecimento, a Criatividade Humana, sexo, sexualidade, reprodução, novos ciclos e/ou Destino [13].

 

Gênesis e Enuma Elish

 
 
 

São várias as similaridades entre a história da criação no Enuma Elish e a história da criação no Livro do Génesis. O Génesis descreve seis dias de criação, seguido de um dia de descanso, enquanto que o Enuma Elish descreve a criação de seis deuses e um dia de descanso. Em ambos a criação é feita pela mesma ordem, começando na Luz e acabando no Homem. A deusa Tiamat é comparável ao Oceano no "Génesis", sendo que a palavra hebraica para oceano tem a mesma raiz etimológica que Tiamat [14].

Exemplos de deusas mães

 
Gravura neolítica de Deusa mãe (representada com quatro seios) num dólmen

Não há disputas sobre fato de muitas culturas antigas adorarem deidades femininas como parte de seus panteões que encaixam com a concepção moderna de «deusa mãe». As seguintes são exemplos:

  Pelasgos

Eurínome foi a princípio o protótipo da Deusa Mãe Criadora grega e a mais importante divindade dos pelasgos, o povo que ocupou a região da Grécia em tempos pré-históricos antes da invasão jônica e dórica. Após a ascensão do patriarcado, Eurínome foi injustamente rebaixada aos status de amante de Zeus, e de Criadora passou a ser considerada apenas uma titanide filha de Oceano e Tétis. Todavia, mesmo na versão patriarcal da mitologia grega, Eurínome e seu consorte Ofíon reinaram sobre o monte Olimpo até serem derrotados por Réia e Cronos

  Deusas sumérias, mesopotâmicas e gregas

Tiamat na mitologia suméria, Ishtar (Inanna) e Ninsuna na caldeia, Asherah em Canaã, Astarté na Síria e Afrodite na Grécia,

 

por exemplo.

  Elam

Uma das mais importantes figuras do panteão foia deusa Pinikir um nome com cognatos encontrado em outros sistemas de crença de povos desta região. "O fato de que a precedência foi dada a uma deusa, a qual estava acima dos demais deuses do panteão elamitas, indica que os devotos elamitas seguiam o matriarcado nesta religião... No terceiro milênio, estas deusas exibiam um indiscutível poder à frente do panteão elamita" [15].

  Deusas celtas

A deusa irlandesa Anann, às vezes conhecida como Dana, tem um impacto como deusa mãe, a julgar pelo Dá Chích Anann cerca de Killarney (Condado de Kerry). A literatura irlandesa nomeia a última e mais favorecida geração de deuses como ‘o povo de Danu’ (Tuatha de Dannan), Ceridween.

Deusas nórdicas

Entre os povos germânicos provavelmente foi adorada uma deusa na religião da Idade de Bronze Nórdica, chamada por Jörð que mais tarde foi conhecida como Nerthus na mitologia germânica, e que possivelmente seu o culto persistiu no culto a Freya da mitologia nórdica. Sua equivalente na Escandinávia era a deusa aclamada por "natureza" Jörð e o deus dos mares e da fertilidade Njörðr. Jord possui diversos aspectos parecidos com as outras Deusas, como por exemplo seu nome no Islandês que é Gyðia e quer dizer "Deusa".

  Deusas gregas

Nas culturas do Egeu, Anatólia e no antigo Oriente Próximo, uma deusa mãe foi venerada com as formas de Cibeles (adorada em Roma como Magna Mater, a ‘Grande Mãe’), de Gea e de Rea.

As deusas olímpicas da Grecia clássica tinham muitos personagens com atributos de deusa mãe, incluindo Hera e Deméter.[16] A deusa minoica representada em achados arqueológicos como selos ou outros restos, a quem os gregos chamavam Potnia Theron, ‘Senhora das Betas’, muitos de cujos atributos foram logo absorvidos também por Artemisa, parece haver sido un tipo de deusa mãe, pois em algumas representações amamenta os animais que carrega. A arcaica deusa local adorada em Éfeso, cuja estátua de culto era adornada com colares e fajas dos que colocavam protuberâncias redondas,[17] mais tarde identificada pelos gregos como Artemisa, foi provavelmente também uma deusa mãe.

A festa de Anna Perenna dos gregos e romanos no Ano Novo, sobre o 15 de março, cerca do equinócio do inverno, pode haver sido una festa da Deusa Mãe. Dado que o Sol era considerado fonte de vida e alimento, esta festa também se assemelhavam com a Deusa Mãe.

  Deusas romanas

A equivalente de Afrodite na mitologia romana, Vênus, foi finalmente adotada como figura de deusa mãe. Era considerada a mãe do povo romano, por ser a de seu ancestral, Eneias, e antepassado de todos os subsequentes governantes romanos. Na época de Júlio César se apodava Vênus Genetrix (‘Mãe Venus’).

Magna Dea é a expressão latina para ‘Grande Deusa’, e pode aludir a qualquer deusa principal adorada durante a República ou Império romanos. O título Magna Dea podia aplicar-se a uma deusa a origem de um panteão, como Juno ou Minerva, ou a uma deusa adorada monoteisticamente.

 Deusas mães túrquicas siberianas

Umai, também conhecida como Ymai o Mai, é a Deusa Mãe dos turcos siberianos. Se representa com sessenta tranças douradas, que parecem raios de sol. Se crêem que uma vez foi idêntica a Ot dos mongóis.

 

  Deusas Afro-Brasileiras (Orixás)

Iemanjá, Oxum, Iansã e outras Deusas Mães compõem o panteão de Orixás das religiões Afro-brasileiras, e cada uma delas responde por um aspecto da natureza, da vida das pessoas, etc. Existem muitas particularidades em cada uma delas, mas algumas em especial podem manipular o tempo, o espaço, os elementos etc. Tanto no Candomblé como na Umbanda as Deusas Mães possuem um papel primordial, e para muitos fiéis, vai além das Divindades Masculinas, pois são "adotados" e se tornam "filhos" delas. Conceitos de deusas mãe no hinduísmo

A deusa Durga é considerada como a deusa mãe suprema por alguns hindus.

No contexto hinduista, o culto a a Deusa Mãe pode seguir se até as origens da cultura védica, e talvez mais além. O Rig Veda chama o poder divino feminino Mahimata,[18] um termo que significa literalmente ‘Mãe Terra’. Em alguns lugares, a literatura védica alude a ela como Viraj, a mãe universal, como Aditi, a Mãe dos Deuses, e como Ambhrini, a nascida do Oceano Primordial. Durga representa o poder e a natureza protetora da maternidade. Uma encarnação de Durga é Kali, que nasceu de sua frente durante a guerra (como meio para derrotar o inimigo de Durga, Mahishasura). Durga e suas encarnações são especialmente adoradas em Bengala.

Atualmente, Devi é considerada em múltiplas formas, todas representando a força criativa do mundo, como Maya e prakriti, a força que galvaniza a raíz divina da existência em autoproteção como o cosmos. Não é, pois, meramente a terra, inclusive apesar de esta perspectiva seja coberta por Párvati (a encarnação previa de Durga). Todas as diversas entidades femininas hinduístas são consideradas como muitas facetas da mesma divinidade feminina.

 

  Conceito de deusa mãe no paganismo

As religiões pagãs são, no ocidente, aquelas que mais focalizam os cultos em uma Deusa Mãe.

Na religião Wicca acredita-se em uma força superior, a Grande Divindade, de onde tudo veio. Essa força superior é adorada sob a forma de duas divindades básicas: a Grande Mãe e o Deus Cornífero. Esse Casal Divino representa todos os demais deuses das diversas mitologias adotadas pelos wiccanos. Como algumas tradições wiccanas seguem uma infinidade de Deusas e Deuses, a crença pagã é que todas essas deusas e todos esses deuses são aspectos diferentes da Grande Deusa e do Grande Deus. Daí o ditado da Wicca que diz que "Todas as deusas são uma Deusa e todos os deuses são um Deus (Dualidade cósmica). A Deusa Mãe é a geratriz de Todo o Universo e de tudo o que ele contém, daí a frase: Tudo vem da Deusa e tudo para ela retorna.

Uma conseqüência do culto à Deusa Mãe na Wicca é a super-valorização da natureza, justificada pela sua ligação à Terra, na forma de Gaia. Além da Terra, outro símbolo muito importante da Deusa é a Lua, onde se manifesta de três maneiras, na forma de Deusa Tríplice, sendo a Lua Cheia associada ao seu aspecto de Deusa Mãe.

Uma questão que muitas vezes se levanta na Wicca é se A Deusa é mais importante do que O Deus. O que se pode dizer é que é uma discussão inócua. A Deusa e O Deus são de igual importância na Wicca. Embora pareça haver mais enfoque à Deusa, as duas divindades básicas da Wicca são complementares. Não há hierarquia entre elas.

  Ver também

Referências

  1. Encarta, Neolithic Art
  2. Encarta Goddess Worship
  3. The Mystica
  4. Encarta, Cybele
  5. Encarta, Dana
  6. Encarta, Goddess Worship
  7. Veritatis, Maria santíssima
  8. [1]
  9. G.. Sex and eroticism in Mesopotamian literature. [S.l.: s.n.], 1994. ISBN 978-0-585-44873-2
  10. Theoi, Rhea
  11. As máscaras de Deus, p. 104
  12. Prodema
  13. Triplov
  14. [2]
  15. Google Books
  16. «As deusas do politeísmo grego, tão diferentes e complementares, são ainda assim consistentemente similares numa etapa inicial, com uma outra simplesmente convertendo-se em dominante em um santuário ou cidade. Cada uma é a Grande Deusa presidindo sobre uma sociedade masculina, cada uma é representada em seu aspecto de Senhora das Bestas Senhora dos Sacrifícios, incluindo Hera e Deméter.» W.. Homo necans; interpretationen altgriechischer Opferriten und Mythen. [S.l.: s.n.]. 1983:79 y sig. p. ISBN 978-3-11-003875-0
  17. A descrição destes como mamas múltiplas ou testículos de touro parece estar equivocada: véase Templo de Artemisa em Éfeso.
  18. Rig Veda 1.164.33.

  Bibliografia

  • Neumann, Erich. (1991). The Great Mother. Bollingen; Repr/7th edition. Princeton University Press, Princeton, NJ. ISBN 0-691-01780-8.
  • J.F. del Giorgio. The Oldest Europeans. A.J. Place (2006). ISBN 980-6898-00-1
  • Goldin, Paul R. (2002) "On the Meaning of the Name Xi wangmu, Spirit-Mother of the West." Paul R. Goldin. Journal of the American Oriental Society, Vol. 122, No. 1/January-March 2002, pp. 83-85.
  • Knauer, Elfried R.(2006)"The Queen Mother of the West: A Study of the Influence of Western Prototypes on the Iconography of the Taoist Deity." In: Contact and Exchange in the Ancient World. Ed. Victor H. Mair. University of Hawai'i Press. Pp. 62-115.ISBN 978-0-8248-2884-4;ISBN 0-8248-2884-4

 Ligações externas

 

 

As dádivas da deusa Hécate


Mirella Faur

O dia 13 de agosto era uma data importante no antigo calendário greco-romano, dedicada às celebrações das deusas Hécate e Diana, quando Lhes eram pedidas bênçãos de proteção para evitar as tempestades do verão europeu que prejudicassem as colheitas. Na tradição cristã comemora-se no dia 15 de agosto a Ascensão da Virgem Maria, festa sobreposta sobre as antigas festividades pagãs para apagar sua lembrança, mas com a mesma finalidade: pedir e receber proteção. Com o passar do tempo perdeu-se o seu real significado e origem e preservou-se apenas o medo incutido pela igreja cristã em relação ao nome e atuação de Hécate. Essa poderosa Deusa com múltiplos atributos foi considerada um ser maléfico, regente das sombras e fantasmas, que trazia tempestades, pesadelos, morte e destruição, exigindo dos seus adoradores sacrifícios lúgubres e ritos macabros. Para desmistificar as distorções patriarcais e cristãs e contribuir para a revelação das verdades milenares, segue um resumo dos aspectos, atributos e poderes da deusa Hécate.

Hécate Trivia ou Triformis era uma das mais antigas deusas da Grécia pré-helênica, cultuada originariamente na Trácia como representação arcaica da Deusa Tríplice, associada com a noite, lua negra, magia, profecias, cura e os mistérios da morte, renovação e nascimento. ”Senhora das encruzilhadas” - dos caminhos e da vida - e do mundo subterrâneo, Hécate é um arquétipo primordial do inconsciente pessoal e coletivo, que nos permite o acesso às camadas profundas da memória ancestral. É representada no plano humano pela xamã que se movimenta entre os mundos, pela vidente que olha para passado, presente e futuro e pela curadora que transpõe as pontes entre os reinos visíveis e invisíveis, em busca de segredos, soluções, visões e comunicações espirituais para a cura e regeneração dos seus semelhantes.

Filha dos Titãs estelares Astéria e Perseu, Hécate usa a tiara de estrelas que ilumina os escuros caminhos da noite, bem como a vastidão da escuridão interior. Neta de Nyx, deusa ancestral da noite, Hécate também é uma “Rainha da Noite” e tem o domínio do céu, da Terra e do mundo subterrâneo. “Senhora da magia” confere o conhecimento dos encantamentos, palavras de poder, poções, rituais e adivinhações àqueles que A cultuam, enquanto no aspecto de Antea, a “Guardiã dos sonhos e das visões”, tanto pode enviar visões proféticas, quanto alucinações e pesadelos se as brechas individuais permitirem.

Como Prytania, a “Rainha dos mortos”, Hécate é a condutora das almas e sua guardiã durante a passagem entre os mundos, mas Ela também rege os poderes de regeneração, sendo invocada no desencarne e nos nascimentos como Protyraia, para garantir proteção e segurança no parto, vida longa, saúde e boa sorte. Hécate Kourotrophos cuida das crianças durante a vida intra-uterina e no seu nascimento, assim como fazia sua antecessora egípcia, a parteira divina Heqet.

Possuidora de uma aura fosforescente que brilha na escuridão do mundo subterrâneo, Hécate Phosphoros é a guardiã do inconsciente e guia das almas na transição, enquanto as duas tochas de Hécate Propolos, apontadas para o céu e a terra, iluminam a busca da transformação espiritual e o renascimento, orientado por Soteira, a Salvadora. Como deusa lunar Hécate rege a face escura da Lua, Ártemis sendo associada com a lua nova e Selene com a lua cheia.

No ciclo das estações e das fases da vida feminina Hécate forma uma tríade divina juntamente com: Kore/Perséfone/Proserpina/Hebe - que presidem a primavera, fertilidade e juventude -, Deméter/Ceres/Hera – regentes da maturidade, gestação, parto e colheita - e o Seu aspecto Chtonia, deusa anciã, detentora de sabedoria, padroeira do inverno, da velhice e das profundezas da terra. Hécate Trivia e Trioditis, protetoras dos viajantes e guardiãs das encruzilhadas de três caminhos, recebiam dos Seus adeptos pedidos de proteção e oferendas chamadas “ceias de Hécate”.

Propylaia era reverenciada como guardiã das casas, portas, famílias e bens pelas mulheres, que oravam na frente do altar antes de sair de casa pedindo Sua benção. As imagens antigas colocadas nas encruzilhadas ou na porta das casas representavam Hécate Triformis ou Tricephalus como pilar ou estátua com três cabeças e seis braços que seguravam suas insígnias: tocha (ilumina o caminho), chave (abre os mistérios), corda (conduz as almas e reproduz o cordão umbilical do nascimento), foice (corta ilusões e medos).

Devido à Sua natureza multiforme e misteriosa e à ligação com os poderes femininos “escuros”, as interpretações patriarcais distorceram o simbolismo antigo desta deusa protetora das mulheres e enfatizaram Seus poderes destrutivos ligados à magia negra (com sacrifícios de animais pretos nas noites de lua negra) e aos ritos funerários. Na Idade Média, o cristianismo distorceu mais ainda seus atributos, transformando Hécate na “Rainha das bruxas”, responsável por atos de maldade, missas negras, desgraças, tempestades, mortes de animais, perda das colheitas e atos satânicos. Essas invenções tendenciosas levaram à perseguição, tortura e morte pela Inquisição de milhares de “protegidas de Hécate”, as curandeiras, parteiras e videntes, mulheres “suspeitas” de serem Suas seguidoras e animais a Ela associados (cachorros e gatos pretos, corujas).

No intuito de abolir qualquer resquício do Seu poder, Hécate foi caricaturizada pela tradição patriarcal como uma bruxa perigosa e hostil, à espreita nas encruzilhadas nas noites escuras, buscando e caçando almas perdidas e viajantes com sua matilha de cães pretos, levando-os para o escuro reino das sombras vampirizantes e castigando os homens com pesadelos e perda da virilidade. As imagens horrendas e chocantes são projeções dos medos inconscientes masculinos perante os poderes “escuros” da Deusa, padroeira da independência feminina, defensora contra as violências e opressões das mulheres e regente dos seus rituais de proteção, transformação e afirmação.

No atual renascimento das antigas tradições da Deusa compete aos círculos sagrados femininos resgatar as verdades milenares, descartando e desmascarando imagens e falsas lendas que apenas encobrem o medo patriarcal perante a força mágica e o poder ancestral feminino. Em função das nossas próprias memórias de repressão e dos medos impregnados no inconsciente coletivo, o contato com a Deusa Escura pode ser atemorizador por acessar a programação negativa que associa escuridão com mal, perigo, morte. Para resgatar as qualidades regeneradoras, fortalecedoras e curadoras de Hécate precisamos reconhecer que as imagens destorcidas não são reais, nem verdadeiras, que nos foram incutidas pela proibição de mergulhar no nosso inconsciente, descobrir e usar nosso verdadeiro poder.

A conexão com Hécate representa para nós um valioso meio para acessar a intuição e o conhecimento inato, desvendar e curar nossos processos psíquicos, aceitar a passagem inexorável do tempo e transmutar nossos medos perante o envelhecimento e a morte. Hécate nos ensina que o caminho que leva à visão sagrada e que inspira a renovação passa pela escuridão, o desapego e transmutação. Ela detém a chave que abre a porta dos mistérios e do lado oculto da psique; Sua tocha ilumina tanto as riquezas, quanto os terrores do inconsciente, que precisam ser reconhecidos e transmutados. Ela nos conduz pela escuridão e nos revela o caminho da renovação.

Porém, para receber Seus dons visionários, criativos ou proféticos precisamos mergulhar nas profundezas do nosso mundo interior, encarar o reflexo da Deusa Escura dentro de nós, honrando Seu poder e Lhe entregando a guarda do nosso inconsciente. Ao reconhecermos e integrarmos Sua presença em nós, Ela irá nos guiar nos processos psicológicos e espirituais e no eterno ciclo de morte e renovação. Porém, devemos sacrificar ou deixar morrer o velho, encarar e superar medos e limitações; somente assim poderemos flutuar sobre as escuras e revoltas águas dos nossos conflitos e lembranças dolorosas e emergir para o novo.

 

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Assunção de Maria é a crença professada pelos cristãos católicos e ortodoxos,[1] segundo a qual a Virgem Maria foi levada em corpo e alma para a glória celeste pouco depois de sua morte. A Igreja Católica ensina esta crença como um dogma de que a Virgem Maria "ao concluir o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma para a glória celestial." [2] Isto significa que Maria foi transportada para o céu com o seu corpo e alma unidas. Esta doutrina foi dogmaticamente e infalivelmente definida pelo Papa Pio XII, em 1 de novembro de 1950, na sua Constituição Apostólica Munificentissimus Deus. A festa da assunção para o céu da Virgem Maria é celebrada como a "Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria" pelos católicos, e como a Dormição por cristãos ortodoxos. Nestas denominações a Assunção de Maria é uma grande festa, normalmente comemorada no dia 15 de agosto.